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Índios não querem apito

Página 20-Rio Branco-AC
Autor: Tião Maia
16 de Dez de 2002

Lideranças indígenas sobem a rampa do Palácio para reunião com Jorge Viana e pedem para participar do governo

Caciques e outras lideranças indígenas representando pelo menos 14 etnias que vivem no Acre e Sul do Amazonas foram recebidos, na tarde da última sexta-feira, pelo governador Jorge Viana, no salão nobre do Palácio Rio Branco. Foi a primeira vez, em cem anos de história do Acre, que os índios subiram as escadarias do Palácio Rio Branco para debater com o governador as políticas públicas que lhes interessam. "Muitos governadores até diziam que no Acre não haviam índios", reconheceu Francisco Apurinã Batista, o "Chico Preto", presidente da UNI (União das Nações Indígenas.

As lideranças indígenas entregaram ao governador um documento com uma série de reivindicações, entre as quais a criação de uma secretaria para tratar de assuntos indígenas além da implantação de um conselho estadual de políticas indígena. "Temos recursos humanos suficientes para assumir essas tarefas", disse Chico Preto.

Jorge Viana recebeu o documento e orientou sua assessoria a acrescentar as reivindicações dos povos indígenas no plano de metas a ser divulgado dentro de 100 dias nos quais o governo vai estabelecer o que pretende fazer nos próximos dois e quatro anos, além de estratégias para a próxima década.

O encontro com as lideranças indígenas fez parte das seguidas reuniões que o governador Jorge Viana vem mantendo com os mais variados setores da sociedade acreana. O governador já recebeu empresários, movimentos comunitário e feminino, comunidade universitária e juventude. "Se estamos conversando com a sociedade, não poderíamos deixar de ouvir as lideranças indígenas, que hoje representam um dos setores mais organizados do movimento popular", disse Jorge Viana. "Nós reconhecemos que as lideranças indígenas estão mais maduras e mais seguras do que querem", disse.

Aos índios, o governador repetiu o que vem dizendo à sociedade nesses encontros: para o próximo mandato, o governo quer trabalhar mais perto das pessoas, dando atenção a projetos voltados pela melhoria da qualidade de vida do cidadão. "Nós vamos às aldeias, conversar com os caciques e lideranças sobre aquilo que pretendemos fazer. Vamos também a outros setores da sociedade porque, neste segundo mandato, é hora da gente trabalhar mais pára for a do Governo", afirmou Viana. "Dentro do Governo as coisas estão arrumadas e isso nos dá a tranqüilidade para irmos ao encontro das pessoas".

Jorge Viana reconheceu que, para vencer as eleições, contou com o apoio decisivo dos povos indígenas. "Eu não poderia deixar de agradecê-los", disse, lembrando que se, até recentemente, os índios eram perseguidas pelas matanças das chamadas "correrias", hoje eles fazem parte da sociedade e têm participação nos projetos que vão tratar do destino das pessoas."Nós vivemos uma fase positiva, seja pelo Governo em nível estadual, seja pelo Governo do Lula ou seja ainda pela ida da Marina para o Ministério do Meio Ambiente. Nós chegamos a uma fase que não temos mais a quem reclamar sobre aquilo que não for feito. Tudo depende de nós, da nossa organização", disse.

O governador lembrou às lideranças indígenas que projetos em parcerias com os índios e o governo federal permitiram avanços nas áreas de técnicas florestais, educação, saúde e saneamento nas aldeias. Mas, segundo o governador, é preciso avançar ainda mais.

Francisco Piano, líder indígenas dos povos que vivem às margens do rio Juruá, disse que as lideranças indígenas reconhecem no governo do Acre um grande aliado. "Tudo o que governo diz e faz, tem tudo a ver com a gente", afirmou.

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