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Índios médicos querem atuar

A Tarde - www.atarde.com.br
Autor: Ana Cristina Oliveira
05 de Ago de 2008

Edvaldo de Jesus Santos Pataxó e Maria da Glória Oliveira da Silva são pataxós hã-hã-hãe, têm 30 anos e são os primeiros índios formados em medicina do País.

Eles se formaram em Cuba, em julho de 2007 e retornaram para a aldeia de origem (Caramuru), em Pau Brasil, a 551 km ao sul de Salvador, em setembro, mas ainda não podem exercer a profissão, porque, para isso, precisam convalidar o diploma no Conselho Federal de Medicina. Eles estudaram na Escola Latino-Americana com a ajuda do Conselho Missionário Indigenista (Cimi).

"Nós somos médicos generalistas e teríamos muito a fazer pelo nosso povo e pelas populações rurais desassistidas", diz Edvaldo Pataxó. Maria da Glória Silva vê questões mais políticas do que técnicas para a rejeição do diploma.

"Nós nos formamos em um país socialista, que trabalha com educação, promoção e prevenção, enquanto o Brasil ainda se atua mais na cura que na prevenção", afirma Glória.

Para ela, no Brasil, ainda vigora o preconceito de que índios, negros e pobres não estão preparados para exercer profissões que sempre foram predominantes para os filhos das elites. "Se há diferenças na grade curricular e na carga horária e acham que não estamos preparados para exercer a profissão, que estabeleçam critérios acessíveis para nos capacitarmos", reclama ela.

Edvaldo e Glória falam da dificuldade para fazer a complementação técnica da formação deles, em razão do alto custo da inscrição, em qualquer universidade pública brasileira. Com a ajuda dos próprios índios e de simpatizantes da causa indígena os dois conseguiram R$ 3 mil e se inscreveram no Ceará, onde encontraram valores mais acessíveis para poder fazer a complementação do curso. Eles já entregaram toda a documentação pedida e vão fazer uma prova. Se passarem, terão o diploma reconhecido.

Caso contrário, vão complementar a carga horária durante seis meses, pagando mensalidade de R$ 2.500, que está sendo a grande preocupação dos dois.

Segundo o assessor do Conselho Federal de Medicina, em Brasília, Antônio Marcello, pela legislação, os indígenas terão que fazer um exame em uma universidade pública, estadual ou federal, para convalidação do diploma.

As exigências, segundo Marcello, variam de acordo com cada universidade.

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