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Índios mantêm ocupação de obras da usina de Belo Monte

OESP, Economia, p. B9
25 de Jun de 2012

Índios mantêm ocupação de obras da usina de Belo Monte
Consórcio, dizem indígenas, não fez obras de infraestrutura para compensar aumento da população local com obra

FÁTIMA LESSA
ESPECIAL PARA O ESTADO/ CUIABÁ

Faz quatro dias que cerca de 150 índios das etnias dos povos Xikrin, Juruna, Parakanã e Araras, afetados pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte, ocupam parte da Ilha Marciana, que integra o Sítio Pimental, da barragem. Eles confiscaram chaves de tratores, carros e equipamentos de rádio usados pelos trabalhadores.
O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) responsável pelas obras confirma a ocupação, mas informou que não afetou o andamento das obras. A manifestação é pacífica e eles exigem a presença de representantes do governo e da Norte Energia Sociedade Anônima.
Segundo o Conselho Indigenista Missionário do Pará (CIMI/PA) que acompanha a manifestação, os índios decidiram pela ocupação para manifestar sua insatisfação com o desrespeito de seus direitos e o não cumprimento das condicionantes, em especial aquelas relativas aos indígenas.
Além das condicionantes que afetam a todos os moradores da região, como a lentidão nos investimentos na infraestrutura da cidade, nos serviços de saúde e educação e saneamento básico, os manifestantes, segundo o CIMI, preocupam-se com a demora na implantação do Plano Básico Ambiental (PAB). Esse plano deveria estabelecer e efetivar os programas de compensação e mitigação dos impactos que já foram sentidos na região pelos indígenas.
Segundo o CIMI, a ocupação é por tempo indeterminado. Durante esta semana devem chegar os representantes de todas as terras Indígenas (TI) na a região, vindos dos rios Iriri e do Xingu, a montante de Altamira.
Os manifestantes são principalmente das terras indígenas Trincheira-Bacajá e Paquiçamba, que ficam a jusante da barragem, na região que sofrerá com a seca, em área chamada pelo empreendimento de Vazão Reduzida do Xingu.
Em nota, o CCBM disse que até o momento não recebeu nenhuma reivindicação dos indígenas. Visando a preservação da segurança de seus funcionários, o CCBM decidiu cancelar as atividades de produção previstas para o turno da noite do sábado.
Justiça. A Usina de Belo Monte está sendo construída no rio Xingu, em Altamira, e deve custar aos cofres públicos R$ 19 bilhões. Desde que começou ser discutida nos anos 1980, a usina recebe críticas de ambientalistas nacionais e internacionais. Na Justiça existem, desde 2008, oito processos propostos pela Procuradoria a República no Pará contra a construção de Belo Monte, sem sentença definitiva.
As ações reclamam de violações a direitos indígenas, desobediência a leis ambientais e descumprimento de condições para reduzir ou compensar impactos da obra, a maior em andamento no país.

OESP, 25/06/2012, Economia, p. B9

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,indios-mantem-ocupacao-de-o…

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