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Índios mantêm estrada bloqueada

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
18 de Fev de 2004

A estrada que liga o Centro de Abelardo Luz ao Bairro São João Maria e à comunidade indígena de Toldo Imbu, além de propriedades rurais da Linha Imbu, continua bloqueada por índios.

Os moradores são obrigados a dar uma volta de dois quilômetros. O cacique Albari Santos disse que, apesar dos incidentes que resultaram em uma morte, a comunidade mantém a mobilização como forma de pressão para que seja assinada a portaria declaratória reconhecendo 1.965 hectares como terras indígenas.

Ontem, líderes kaingang estiveram em Chapecó, onde solicitaram ao procurador da República, Cláudio Fontela, que acione a Justiça Federal, para que esta pressione o Ministério da Justiça. O procurador vai analisar a documentação e deve dar uma posição nos próximos dias. Os índios afirmaram que vão manter a estrada trancada e deram um prazo de 10 dias para que o Ministério da Justiça se manifeste.

Santos disse que mais índios devem chegar, vindos de Chapecó, Ipuaçu, Guarapuava (PR) e Palmas (PR). Cem índios da comunidade e outros cem de Mangueirinha (PR) participam da mobilização.

Kaingang não assumem assassinato

Um dos líderes da comunidade, Mauri de Oliveira, disse que esta é a quarta manifestação desde 1998. Ele afirmou que os moradores do bairro e até agricultores estão de acordo com a desapropriação da área para a criação da reserva. Para Oliveira, a resistência está em grandes fazendeiros, pois a União não indeniza as terras reconhecidas como indígenas.

Os kaingang não assumem a morte de Olices Stefani, apesar de os indícios apontarem o contrário. Eles afirmam que estava escuro e que a vítima atirou primeiro e tentou passar a barreira humana. Oliveira disse que os índios não tinham armas de fogo, apenas armamento artesanal. Os kaingang afirmaram que fizeram reféns porque imaginavam que eles estavam transportando armas para "pistoleiros" de fazendeiros.

O administrador regional da Funai, Antonio Marini, disse que está tentando convencer os indígenas do Paraná a retornarem para suas aldeias e que esperem uma manifestação da Justiça.

Ontem, o senador Leonel Pavan conseguiu aprovar requerimento propondo uma comissão externa, de cinco senadores, para inteirar-se das questões fundiárias em Santa Catarina.

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