VOLTAR

Índios Javaé comemoram chegada de energia elétrica

Jornal do Tocantins-Palmas-TO
Autor: Alessandra Bacelar
23 de Set de 2004

Vida nova - Aldeia Wari-wari, na ilha do bananal, já tem freezer, televisão e iluminação pública; conta será dividida entre os moradores

Localizada na Ilha do Bananal, no município de Lagoa da Confusão, a 410 quilômetros de Palmas, a aldeia Wari-wari, dos índios Javaé, entra de vez no mundo moderno. As mais de 20 casas do lugar acabam de receber energia elétrica. Além das ligações individuais, o local também vai ter iluminação pública. Mas a conta não será individual. No local foi instalado apenas um medidor de energia, e cada um vai pagar de acordo com os equipamentos elétricos que possuem. A cada mês o cacique vai ficar responsável por recolher o dinheiro e fazer o pagamento da conta. Os valores de cada um, por enquanto, podem variar de R$ 7,00 a R$ 70,00. Mas, pela euforia dos indígenas, esse consumo pode aumentar nos próximos meses. É que muitos demonstraram interesse em comprar, além da tradicional lâmpada, vários outros equipamentos elétricos.

Uma das casa mais bem equipadas é de Ailton Uassury. Os quatro cômodos da casa já têm lâmpadas; comprou um freezer onde pretende armazenar peixes e também uma televisão. Na porta ou mesmo na sala da casa dele agora não faltam visitas. Poucos são aqueles que conseguem desgrudar o olhar da tela colorida que mostra programas variados. "Com a energia, agora vou poder guardar os peixes que antes estragavam fácil. Vou poder também assistir TV, é muito bom", revelou. No primeiro dia, a mulher de Ailton, Neusa Nahuriá, quase não saiu de frente da televisão, enquanto amamentava o filho e assistia a um filme. "É tudo muito bonito, gente bonita, coisa engraçada, não vou perder um instante", disse Neusa com os olhos brilhantes, sem desviar a atenção um só instante da televisão.

Investimento
Para a Companhia de Energia Elétrica fazer com que o benefício chegasse até a aldeia, foi preciso instalar seis quilômetros de rede trifásica, através da mata e também do rio Javáe, que margeia toda a aldeia. O investimento foi de R$ 101 mil reais e levou três meses para ficar pronto. A intenção, segundo o superintendente regional da Rede, Hamilton Ferreira Martins, era atender uma antiga reivindicação do cacique Rubens Javaé e proporcionar conforto e lazer aos índios que vivem na localidade. "Temos certeza que agora estamos colocando o pessoal da aldeia em uma nova era. Eles vão ter acesso a informação e também a algum conforto que podem ajudar a melhorar a vida deles", observou.

Conforto que o mestiço Cláudio Pereira Javaé conhecia e que agora pode desfrutar novamente. Quando criança, morou em Dianópolis e conheceu o que era viver na cidade. De volta à tribo, tudo ficou para trás. Agora, já deixou de lado a lamparina; na casa de dois cômodos, só luz elétrica. E não para por aí; ainda tem muitos planos. "Até o fim do ano quero comprar também um ventilador e quem sabe uma televisão", diz, eufórico.

Festa
Na tribo, a chegada da energia foi motivo de festa. Além das tradicionais danças feitas pelos homens em agradecimento, teve também churrasco. Ao final das comemorações, o cacique, muito alegre, revelou que em breve quer comprar alguns aparelhos para a sua casa. "Quero um freezer para guardar uns peixinhos. Agora só preciso tomar cuidado para a conta não ficar muito grande". A primeira conta da aldeia deve ser entregue em outubro. Caciques de tribos vizinhas também demostraram interesse no benefício. A Companhia ficou de avaliar a possibilidade.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.