Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Joselina Reis
28 de Fev de 2003
Proprietários e funcionários da Fazenda Buriti, em Dois Irmãos do Buriti, denunciaram ontem que foram expulsos da fazenda pelos índios terenas da Aldeia Buriti e estão impedidos de vacinar 500 reses contra a febre aftosa e cuidar da lavoura. Os indígenas invadiram a propriedade de 403 hectares no sábado, 22 de fevereiro, e desde a segunda-feira, 24, os funcionários tiveram que sair e estão acampados, em barracos de lona, em uma estrada vicinal.
Ao todo são 38 pessoas, entre adultos e crianças, que foram postas para fora de suas casas e ameaçadas pelos indígenas. O agricultor Ademir Marques da Rosa, um dos proprietários da fazenda, lembra que os indígenas, até então amigos, invadiram as casas no sábado em busca de armas e deram ordem de despejo das famílias. "Eles mandaram a gente tirar os móveis até quarta-feira, depois disso eles não se responsabilizavam pelo que pudesse acontecer", disse o agricultor.
Ademir Rosa conta que a invasão foi rápida e os indígenas ameaçaram crianças e adultos com flechas e canivetes. O agricultor denuncia também a participação de representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) durante a invasão, e inclusive, na tentativa de agressão que os funcionários sofreram. "Tinha branco encapuzado comandando os índios", relembra.
Ontem, os proprietários e parte do grupo de funcionários foram até a Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul) solicitar apoio e agilidade para o caso. Eles levaram também fitas de vídeo onde mostram que estão vivendo em barracas de lona.
O presidente da Famasul, Léo Brito, disse que a entidade já tomou as providências solicitando a reintegração de posse.
Ademir Rosa disse ainda que os vizinhos estão se sentido inseguros, já que os indígenas ameaçam tomar os quase 18 mil hectares identificados pela Funai como terras indígenas na região.
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