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Índios exigem entendimento para autorizar trabalho do Exército

Folha de Boa Vista-RR
02 de Mar de 2002

O Exército está realizando desde quarta-feira um levantamento opográfico nas áreas adjacentes à construção do 6o Pelotão Especial de Fronteira (PEF), no município de Uiramutã. O objetivo é estabelecer os limites e reconhecer o terreno como, por exemplo, o tipo de relevo da localização do quartel.
Em princípio, os indígenas da maloca do Uiramutã não permitiram a continuidade dos trabalhos. A resistência está ligada ao fato de naquela região se arrastar uma polêmica entre índios e os militares, há aproximadamente um ano e meio, por conta das obras do quartel.
Somente ontem, após uma reunião entre o tuxaua Pereira, o administrador da Funai (Fundação Nacional do Índio), Martinho Alves de Andrade Júnior, e o comando do Exército, foi possível se chegar a um entendimento.
Segundo o assessor de comunicação da entidade, André Vasconcelos, cerca de 200 índios ligados ao CIR (Conselho Indígena de Roraima) foram ontem pela manhã até o Uiramutã esperar os militares.
Os índios de outras malocas foram até lá porque o Exército teria ameaçado os indígenas, caso não se chegasse a um entendimento para permitir a entrada do topógrafo, de entrar na área para fazer o trabalho com o reforço de dois helicópteros e dois carros-tanque.
Na tarde de ontem, o tuxaua Pereira, o administrador da Funai e assessora jurídica do CIR, Joênia Batista, foram até a região acalmar os índios e explicar que as partes haviam chegado a um entendimento, sendo, portanto, permitida a entrada do topógrafo na área.
EXÉRCITO - O assessor de comunicação do Exército, capitão Marcos Viana, já havia informado no final da tarde de anteontem por telefone que havia um impasse quanto à entrada do sargento topógrafo na área onde vive os índios ligados ao CIR, mas que isso não era motivo de confronto.
Viana explicou que o Exército estava buscando no diálogo o caminho para o entendimento. Ressaltou que se ocorreu ameaça, com certeza partiu de "alguém mal informado".
Segundo ele, o helicóptero que estava naquela região foi sobrevoar a área, mas para fazer o reconhecimento aéreo e transportar um grupo de militares de Boa Vista até o Uiramutã, além de trazer os que estavam no agrupamento para a capital.
Conforme disse, depois da reunião de ontem, a 1ª Brigada de Infantaria de Selva (BIS) designou um oficial superior para acompanhar os trabalhos do topógrafo. Uma nota enviada para a Folha diz ainda que o especialista encarregado do levantamento "terá a proteção que se fizer necessária".

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