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Índios em pé de guerra na Funasa

Amazonas em Tempo-Manaus-AM
Autor: Floriano Lins
04 de Nov de 2005

Parintins (AM) - Quatro dias depois de ocuparem a sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) da FUNASA, em Parintins, os índios da nação Sateré-Mawé passaram a mostrar revolta e aborrecimento pela falta de uma solução no pagamento dos agentes indígenas de saúde que há três meses não recebem salários.

Pintados com tinta à base de urucu e portando arcos e flechas, os índios se posicionaram em frente ao prédio da Funasa em trajes de guerra. O representante do Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé, Gonçalo Michiles, 40, confirmou que o recrudescimento da invasão "é um sinal da nossa revolta e aborrecimento com a falta de respeito com a saúde do nosso povo".

No meio da tarde chegou ao distrito o tuxaua Hexkariana Manoel Kaiwana, 60, da aldeia Porteira, do alto rio Nhamundá. Ele disse que viajou quatro dias até Parintins para "trazer apoio do meu povo aos irmãos que estão lutando pela saúde do índio e dizer que estamos passando muita dificuldade. Nós estamos passando fome, bebendo água suja e toda nossa plantação morreu por causa da seca".

O sateré Gonçalo Michiles informou que espera para hoje uma decisão favorável aos pleitos das lideranças que ocuparam o prédio. Até ontem, cerca de 40 índios, incluindo três tuxauas, capitães e 26 agentes de saúde, continuavam dentro da sede da autarquia, acompanhados por servidores da Funasa e funcionários do Instituto de Desenvolvimento de Atividades de Auto Sustentação das Populações Indígenas - INDASP, que também estão com salários atrasados.

Gonçalo reclamou que a chefe do distrito, Rosa Araújo teria chamado a polícia, alegando que os índios tinham feito reféns no prédio, "o que não é verdade. Ela não queria liberar alimentação pra nós. Na verdade, com a dona Rosa não temos mais nada a tratar. Tudo agora é com a coordenação regional e com Brasília".

Por volta das 16h o agente indígena de saúde da aldeia Vila Batista, rio Uaicurapá, Erildo Batista ,35, manteve contato telefônico com a coordenação regional da Funasa e obteve a informação de que até o meio-dia de hoje será tomada uma decisão sobre o assunto.

Erildo recebeu a notícia de que o problema está na prestação de contas do convênio que é executado pelo INDASP há quase seis anos e que só agora o Ministério Público Federal decidiu intervir na questão. Servidores do Instituto que acompanham os indígenas não aceitaram a justificativa e disseram que o coordenador regional está tentando livrar a responsabilidade da chefe do distrito, Rosa Araújo.

Os indígenas disseram que vão esperar a posição da regional, mas não arredam o pé da ocupação. "A decisão é não sair daqui enquanto não resolver o problema", disse Gonçalo Michiles.

O agente Erildo reconhece que "o coordenador regional chegou ontem, não sabia o que estava se passando, se deparou com a situação e pediu até amanhã para nos dar uma resposta. Vamos continuar na sede esperando uma solução".

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