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Índios em clima de guerra em Manicoré

A Crítica-Manaus-AM
Autor: Luiz Vasconcelos
23 de Abr de 2006

A sede municipal de Manicoré recebeu canoadas de índios vindos dos afluentes dos rios Madeira e Amazonas para tentar afastar a tribo adversária que se instalou na cidade e exige a saída do administrador regional da Funai

Várias tribos de índios da região do rio Madeira estão em pé de guerra no Município de Manicoré (a 333 quilômetros de Manaus). O clima na cidade é de tensão e, a qualquer momento, eles podem entrar em confronto. O motivo é a administração da sede da Funai. Uma minoria quer a saída do administrador Eurípedes Brito, enquanto o outro lado quer a manutenção dele no cargo. Enquanto mais de cem índios de cinco etnias aportaram na cidade, 22 Mundurucus ocupam o posto da Funai, inaugurado no dia 13 de março.
Desde a tarde de sexta-feira, os índios mundurucus estão caracterizados e armados com arco-e-flecha, pneus e gasolina. O pequeno grupo liderado pelo cacique Natanael Rodrigues Parente - conhecido como Natanael Mundurucu -, reivindica a saída do atual chefe do posto da Funai em Manicoré, Eurípedes Araújo Brito.

Dos rios Madeira, Marmelo, Capanã e Mataurá, um exército das tribos Mura, Torá, Apurinã, Tenharin, Parintintin e Mundurucu, chegou em barcos na cidade para retirar os manifestantes daquele posto. Segundo o cacique Livaldo Neves, da tribo Miriti Verde, da etnia dos Mundurucu, o confronto é certo. "Somos contra essa atitude. Eles terão que sair de lá de qualquer maneira", conta.

A rivalidade entre Natanael e Eurípedes começou há aproxidamente dois anos, quando Eurípedes formulou denúncias contra o cacique sobre atividades turísticas que vinham sendo realizadas na área indígena rio Marmelo, no Amazonas, sem a autorização do órgão indigenista oficial, nem das lideranças representativas da região.

Eurípedes está aguardando a decisão da diretoria da Funai de Manaus. "Na verdade, eles querem aparecer na mídia. O líder dessa tribo já enviou várias denúncias ao Funai contra mim. Até agora, nunca comprovaram nada", comentou Eurípedes.

A Polícia Federal informou que não poderá enviar agentes porque todo o seu efetivo está trabalhando em uma operação na Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. A Polícia Militar local já foi acionada.

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