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Índios do MA fazem outro seqüestro e fecham estrada

OESP, Nacional, p. A17
11 de Fev de 2006

Índios do MA fazem outro seqüestro e fecham estrada

Guajajaras mantêm funcionárias da Funasa reféns e interditam MA-006

Os 200 índios guajajaras que estão negociando com representantes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Alto Alegre do Pindaré, a 300km de São Luís, fizeram novos reféns ontem e ameaçaram voltar a ocupar a Estrada de Ferro Carajás (EFC), da Companhia Vale do Rio Doce, ainda neste final de semana. Outro grupo de guajajaras interditou ontem uma rodovia na região central do Estado.
Duas funcionárias da Funasa foram seqüestradas e os índios afirmaram que o novo seqüestro é para pressionar os negociadores a aceitar a pauta de reivindicações na totalidade. O principal motivo dos protestos é a precária condição de saúde nas 17 reservas do Maranhão.
A Funasa ainda não confirmou oficialmente o seqüestro, mas admitiu que perdeu o contato com as duas funcionárias ontem pela manhã e só conseguiu falar por telefone com uma liderança indígena que se limitou a informar que as negociações estão em andamento. O novo seqüestro aconteceu menos de 24 horas depois que os índios libertaram quatro funcionários da Vale que haviam sido feitos reféns logo após a interdição da ferrovia.
As conversações entre as lideranças indígenas e as equipes de negociadores estão tensas. Tropas da Polícia Militar (PM) e policias federais foram mobilizados para tentar controlar a situação. Na quinta-feira, equipes de unidades policias especiais fizeram o reconhecimento do local onde os índios estavam acampados.
Os policiais só não intervieram ainda porque a Funai e a Funasa fizeram um pedido informal pela não intervenção ao juiz da 6o Vara Federal.
Apenas algumas horas após a desobstrução da EFC, outro grupo de guajajaras interditou a Rodovia MA-006 no interior do Maranhão. Os indígenas cortaram a única ligação entre as cidades de Arame e Grajaú, a 500 km de São Luís.
A rodovia interditada cruza terras indígenas e o grupo escavou uma vala no asfalto para impedir o tráfego de veículos. O clima entre brancos e índios também está tenso. Os comerciantes das duas cidades isoladas ameaçaram os indígenas caso não liberem a rodovia.
"Se preciso for vamos fechar estradas e derrubar torres de transmissão de energia. Eles precisam saber que quem está morrendo é gente e não cachorro", afirmou o líder indígena Olímpio Guajajara.
A crise levou a Funasa a decidir pela exoneração do superintendente do órgão no Estado, Zenildo de Oliveira dos Santos. A portaria com a exoneração de Zenildo, que foi indicado pelo deputado federal Sarney Filho (PV-MA), já está assinada e será publicada no Diário Oficial da União assim que a Casa Civil aprovar o substituto.

OESP, Nacional, 11/02/2006, p. A17

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