A Crítica (AM) - http://acritica.uol.com.br/
Autor: Elaíze Farias
29 de Dez de 2010
A sede do Distrito Especial de Saúde Indígena/Vale do Javari (Dsei), no município de Atalaia do Norte - a 1.138 quilômetros de Manaus -, foi desocupada ontem (28) pelos 100 indígenas que estavam no local há 15 dias, em protesto contra a nomeação da enfermeira Verônica Maria de Almeida para ocupar o cargo de coordenadora do órgão.
Eles também não haviam aceitado a indicação de outro servidor, Heródoto Jean de Sales, ex-chefe de posto da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Tabatinga - município situado a 1.150 quilômetros da capital.
Os indígenas saíram da sede do Dsei após aceitarem a nomeação provisória do servidor da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) Antônio Costa, que virá diretamente de Brasília, acompanhado de dois assessores.
Costa deverá chegar a Atalaia do Norte na próxima sexta-feira (31), segundo informou Clóvis Rufino, integrante dos Povos do Vale do Javari (Univaja), mas esta informação não foi confirmada pela assessoria de imprensa do Ministério da Saúde à A Crítica, após contato da reportagem.
A decisão dos indígenas ocorreu durante a visita de Valdenir França, assessor da Sesai enviado de Brasília para dialogar com os indígenas do Vale do Javari.
Em 15 dias, segundo Rufino, deverá ocorrer um seminário no qual os indígenas pretendem discutir e aprovar os nomes indicados pela Sesai para ocupar o cargo de coordenador do Dsei/Vale do Javari.
Na região vivem mais de 4 mil indígenas de cinco etnias diferentes. A área é considerada uma das mais inacessíveis para ações de profissionais de saúde.
Conforme Rufino, uma das maiores preocupações dos indígenas é quanto ao desconhecimento de gestores para a realidade do Vale do Javari.
O cacique da aldeia Maronal, José Barbosa Marubo, afirmou durante a reunião de ontem, em declaração registrada em ata, que temia que a Sesai tome decisões sem consultar os povos indígenas.
Hepatite
"O Vale do Javari é a segunda maior terra indígena que concentra o maior número de índios isolados, onde se encontra a maior epidemia de hepatite. Há trânsito livre na faixa de fronteira do Brasil com Peru, que coloca em risco as populações indígenas com problemas sociais muito sérios", disse Jorge Duarte, presidente do Conselho Distrital Indígena (Condisi).
Durante a reunião de ontem, uma das propostas apresentadas foi a estruturação dos pólos bases para apoio dos profissionais e nas condições de seu trabalho.
Óbitos
Em 11 anos, segundo informações da Univaja, mais de 400 indígenas foram a óbito no Vale do Javari em virtude de doenças como hepatite e malária.
Este quantitativo representa 8% da população total de indígenas daquela região. Alguns povos, como os matis, têm pouco mais de 100 pessoas.
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