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Índios desocupam prédio

CB, Brasil,p. 15
07 de Mai de 2009

Índios desocupam prédio
Grupo deixa sede da Funasa depois de o órgão pedir na Justiça a reintegração de posse do imóvel, mas mantém acampamento na rua

Ullisses Campbell

São Paulo - Depois de dois dias de ocupação, um grupo de cerca de 60 índios deixou a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) de São Paulo por volta das 22h de ontem. Os indígenas, armados de arco e flecha e porretes, decidiram permanecer acampados na calçada em frente ao prédio, no Centro da capital paulista, até terem suas reivindicações atendidas. A principal delas é a demissão do coordenador do órgão no estado, Raze Rezek, que chegou a ser feito refém com o delegado da Polícia Federal que acompanhava a invasão, Flávio Trivella, além de outros 11 funcionários.

A desocupação foi negociada pelo chefe de gabinete da presidência da Funasa, Moisés Santos. O órgão chegou a entrar na Justiça com um pedido de reintegração de posse. Durante a tarde, o clima ficou tenso, quando os índios disseram que permaneceriam no imóvel, mantendo os reféns, mesmo depois de o presidente da fundação, Danilo Forte, conversar pelo telefone com o cacique Awa. Em Brasília, Forte disse que ficou surpreso com a ação e que não negociaria sob coação. Ele ainda negou que houvesse reféns no prédio.

Segundo Awa, os índios querem ver atendida uma pauta de reivindicação com 37 itens, que incluem melhorias no atendimento de saúde das aldeias em São Paulo, além da saída de Rezek. Forte disse que os mesmos líderes indígenas apresentaram uma pauta no fim do ano passado com 42 itens e que todos já foram atendidos. "O estado de São Paulo tem a melhor cobertura sanitária do país em comunidades indígenas. Das 36 aldeias, 27 possuem abastecimento de água e as comunidades também recebem periodicamente uma cesta de medicamentos", afirmou.

Forte disse ainda que não vai aceitar a demissão de Rezek, como querem os índios. O coordenador chegou a pedir para deixar o cargo no ano passado, mas até agora o Diário Oficial da União não publicou sua exoneração e ele continua dando expediente normalmente no órgão.

Durante a ocupação ontem, os índios ameaçavam os reféns com instrumentos usados em guerra. A tensão se aprofundou porque faltou água no meio da tarde e os ocupantes acreditavam que os funcionários do órgão haviam interrompido o abastecimento como forma de pressioná-los a deixar o prédio. Duas horas depois, o fornecimento foi normalizado. Nem isso amenizou o clima. Segundo os índios, o presidente da Funasa teria desligado o telefone durante uma tentativa de negociação. "O Danilo bateu o telefone na nossa cara. Isso é um desrespeito", disse o cacique Awa. Forte nega que tenha feito isso e se dispôs a receber uma comissão de índios para negociar.

CB, 07/05/2009, Brasil,p. 15

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