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Índios denunciam preconceito

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: MArilene Rodrigues
12 de Nov de 2001

Xokleng deixaram escola por serem discriminados por filhos de colonos

Segundo o gramático Aurélio Buarque de Holanda, discriminar significa distinguir, discernir, separar ou extremar. Na língua Xokleng, o termo "n~evin jógd~en" quer dizer não tratar bem as pessoas.
Os 56 adolescentes da Aldeia Bugio, na Reserva Duque de Caxias, em José Boiteux, vivenciaram essa situação e decidiram não freqüentar mais a Escola de Educação Básica Frei Lucínio Korte, em Doutor Pedrinho.
"Eles diziam que não éramos gente e não passávamos de índios sujos'', afirma Deolinda Juvei, 12 anos, que cursa a 6ª série do ensino fundamental. A direção regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Curitiba, vai instaurar uma comissão de sindicância e se ocorreu preconceito os envolvidos serão responsabilizados.
A decisão dos jovens de não sair mais da aldeia foi tomada no final de outubro. O protesto recebeu o apoio de lideranças indígenas e da direção da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), em Blumenau, além da 25ª Coordenadoria, de Ibirama. Representantes da Funai acompanharam as negociações. Os adolescentes percorriam diariamente 70 quilômetros da reserva a Doutor Pedrinho.
De acordo com a direção da escola, o desentendimento entre índios e filhos de colonos culminou com uma briga envolvendo quase todos os alunos, no pátio da escola, no dia 19 de setembro. Desde então, não foi mais possível manter a ordem, revelam professores.
O clima de discriminação aumentava a cada dia. "Os brancos nos chamavam de animais e tudo o que acontecia de ruim na escola diziam que era a gente que tinha feito'', conta Indianara Priprá, de 14 anos.
A coordenadora do Programa Educacional da Funai, Terezinha Velho dos Santos, afirma que a direção da escola prometeu entregar um relatório sobre os acontecimentos, e a Funai deverá tomar as medidas cabíveis

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