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Índios denunciam novo ataque de garimpeiros

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=75543
02 de Dez de 2009

A ação ilegal de garimpeiros na terra indígena yanomami tem gerado conflitos com os índios de diversas comunidades. No mais recente, um grupo de garimpeiros teria disparado contra os índios. O caso foi relatado em carta enviada pelos indígenas, no último dia 27, à Fundação Nacional do Índio (Funai) e à Polícia Federal (PF).

Segundo o yanomami Mozaniel Iramari, que responde interinamente pela presidência da Hutukara Associação Yanomami (HAY), as investidas dos garimpeiros contra a comunidade Hoyamoú, na região do Hakoma, no Alto Rio Mucajaí, têm sido constantes.

No último dia 29 de outubro, um grupo de cinco indígenas, após cinco horas de caminhada da comunidade, foi ao local para verificar se os garimpeiros estavam mesmo acampados e teriam sido recebidos a tiros pelos garimpeiros. Ninguém ficou ferido.

"O garimpo é abastecido por pelo menos dois voos diários, por meio de uma pista de pouso coberta pelas copas das árvores, o que dificulta a localização por imagem de satélite ou sobrevoo", explicou Mozaniel.

Mozaniel contou que o fato foi comunicado à associação em Boa Vista, através de radiofonia, no dia 26 de novembro, comentando a nova era de violência por conta do preço recorde do ouro no mercado internacional e que há três anos não há nenhuma ação governamental para reprimir as atividades ilegais na reserva.

Ainda segundo a mensagem via rádio, os garimpeiros estariam ameaçando diretamente as comunidades indígenas, aproximando-se das casas e furtando suas roças, além da intensa movimentação de aeronaves nas imediações.

Ele comentou ainda que, no dia 18 de novembro, a Hutukara já havia encaminhado outro documento às mesmas autoridades denunciando a presença de garimpeiros próximos à comunidade do Maharaú, região do Paapiú. "As atividades garimpeiras estão se desenvolvendo em áreas de roçado, às margens do rio Couto Magalhães", explicou.

Mozaniel ressaltou ainda que, em 2009, a Hutukara recebeu e encaminhou às autoridades várias denúncias de reabertura de antigas pistas ilegais e intensa retomada de atividade garimpeira em vários locais na reserva.

Segundo os yanomami, as pistas em questão são: Região de Hakoma (Alto Mucajaí), pistas Feijão Queimado, Chimarrão e Macapá; Região da Maloca Paapiú, pistas Raimundinho e Neto; Região do Alto Catrimani, pistas do Hélio, Chico Veloso e Raimundo Neném.

O indígena lembra ainda que tal situação se agravou desde o início deste ano e relembra de maneira inquietante os antecedentes da corrida do ouro dos anos 1980 em Roraima, que matou 15% da população yanomami e culminou com o triste e célebre massacre de Haximu em 1993.

AERONAVE - Ainda em novembro, conforme Mozaniel, os yanomami localizaram um avião monomotor em área próxima aos limites da TIY, na região do rio Ajarani que, segundo colonos locais, poderia ser uma das aeronaves que abastecem os garimpos em idas e voltas regulares a baixa altitude.

"A informação também foi comunicada à Funai e à Polícia Federal pela Hutukara. Como nas denúncias anteriores, à associação yanomami não recebeu até hoje nenhuma informação sobre as ações eventualmente tomadas pelos órgãos governamentais", finalizou ele.

FUNAI - Segundo o Administrador Executivo Regional da Fundação Nacional do Índio em Roraima (FUNAI), Gonçalo Teixeira dos Santos, a carta chegou oficialmente na Fundação no final da semana passada, mas só ontem tomou conhecimento pelo fato de estar viajando.

"Providências estamos tomando como em todas as outras situações e denúncias feitas a nós. O problema é que não podemos divulgar quais procedimentos estamos adotando por uma questão de segurança e sucesso da operação", garantiu o administrador.

PF - Conforme a assessoria de comunicação do Departamento da Polícia Federal (DPF) em Roraima, o chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Delemap), delegado Fabrizio Garbi, viajou na manhã de ontem para a região para colher informações a respeito da denúncia e definir quais medidas serão adotadas.

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