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Autor: Vanessa Lima
08 de Fev de 2011
A ação de garimpeiros na região do Baixo Rio Branco tem preocupado indígenas que pedem providências para o fim da atividade ilegal. A exploração de minérios, segundo denunciou o vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Maurício Yekuana, e o indígena Jerson Xirixana, vem ocorrendo dentro da extensão de terra da comunidade Sikamabiu, no Município de Alto Alegre.
A presença de garimpeiros na região é constante. O grupo que atualmente vem praticando a exploração trabalha no local há cerca de três meses e os garimpeiros já informaram aos índios que vão subir o rio para buscar mais minérios, afetando outras aldeias indígenas.
O indígena Jerson, que é professor na comunidade, disse que os índios já estão sofrendo as consequências da ação ilegal. A água do rio Mucajaí, que é a fonte hídrica do povo, está cada vez mais barrenta. A degradação ao meio ambiente na área cresce de forma acelerada conforme ele.
"Devido à degradação, os indígenas que vivem lá já estão falando em se deslocar para outro lugar. O povo vive da caça e da pesca, e eles [os garimpeiros] também. Com a atuação deles lá na comunidade, outras regiões também estão sendo afetadas com a baixa qualidade da água que está cada vez mais barrenta", disse o professor.
Outra situação preocupante é a propagação de doenças entre os indígenas, causada pelo contato constante com os não-índios. O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami disse que índios da comunidade apresentaram quadro de câncer.
Providências já foram solicitadas à Fundação Nacional do Índio (Funai), mas até agora nada foi feito. "Já fomos na Funai umas quatro vezes pedir que façam alguma coisa para acabar com a garimpagem na comunidade. Eles só dizem que estão sem recurso para resolver", disse Jerson Xirixana.
Maurício Yekuana informou que ainda esta semana estará formalizando em documento a atuação ilegal de garimpeiros na comunidade pedindo providências ao Ministério Público Federal, Polícia Federal e reforçando o pedido de medidas à Funai.
FUNAI - O coordenador regional interino do órgão, Petrônio Laranjeira Barbosa, confirmou o recebimento da denúncia de garimpagem na área através de moradores na comunidade, mas informou que outros indígenas estiveram na Funai e disseram que a prática ilegal não está ocorrendo dentro da extensão de terra da Sikamabiu.
Mas, para verificar a real situação, membros da coordenadoria técnica da Funai no Alto Alegre se deslocarão até a área nos próximos dias. "Primeiro vamos constatar se está em área indígena para depois, dependendo disso, tomar as medidas cabíveis, como comunicar à PF para ajudar a retirar os garimpeiros", destacou Laranjeira.
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