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Índios denunciam contaminação

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: SILVIO NAVARRO
18 de Mar de 2005

Etnia do Tocantins reclama de poluição de rios por agronegócio

Lideranças da etnia craô, que vive em reserva nacional no nordeste do Tocantins, denunciaram ao Ministério Público Federal que a expansão do agronegócio tem provocado a contaminação por agrotóxicos dos rios e córregos que banham a reserva.
A denúncia foi levada ao procurador-geral da República no Tocantins, Adrian Pereira Ziemba, que investigará o caso.
Os índios craôs reclamam de poluição das águas dos rios que utilizam para beber e banhar-se devido ao avanço das plantações de soja até as margens.
A reclamação dos craôs foi encampada pela ONG CTI (Centro de Trabalho Indigenista) e pelo indigenista Fernando Schiavini, que atuam na reserva.
"A situação tende a se agravar porque a soja está no limite dos rios", diz Schiavini. "Tanto os índios como as comunidades estão ficando cercados pela soja."
"No caso dos agricultores, o avião lança veneno sobre as casas deles", diz Jaime Siqueira, um dos coordenadores da ONG.
Para o engenheiro agrônomo Décio Galvão, da Coapa (Cooperativa dos Produtores Agrícolas da região), a dosagem de inseticidas, herbicidas e adubos borrifada sobre as lavouras é controlada pelas empresas que beneficiam a soja e insuficientes para causar a contaminação de um rio.
A reserva, conhecida como Terra Indígena Craolândia está situada nas cidades de Goiatins e Itacajá (422 km e 321 km de Palmas.
O Ibama diz que a responsabilidade pela fiscalização é do governo estadual. A Secretaria de Agricultura do Tocantins disse desconhecer o tema e que o problema não é da sua competência.
Antes das queixas dos índios, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) havia pedido ao Ministério Público Estadual, em julho de 2004, que apurasse as causas das mortes de duas pessoas -uma delas criança-, supostamente decorrentes de envenenamento.
A Promotoria, entretanto, não instaurou procedimento para averiguar o caso. À época, apenas alguns fazendeiros foram multados pelo Ibama por devastação.
Segundo Pedro Antonio Ribeiro, da CPT, casos de intoxicação de colonos são recorrentes, mas poucos são investigados porque "as pessoas lá morrem e acabam enterradas no mato mesmo".

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