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Índios debatem com Funai melhorias para as aldeias

A Tarde-Salvador-BA
Autor: (Carla Fialho)
27 de Ago de 2002

DEMARCAÇÃO: Um dos pontos principais é a área das comunidades

- A luta pela demarcação do território indígena, a falta de assistência da Fundação Nacional do Índio (Funai) e a difícil situação das aldeias com falta de recursos e conflitos internos foram temas debatidos no encontro entre 21 aldeias do sul e extremo sul do Estado e o diretor de Assistência da Funai, Petrônio Machado Cavalcanti, dias 22 e 23, na Casa da Agricultura, em Eunápolis.
De acordo com o presidente do Conselho de Caciques da região, Zezito Pataxó, o encontro foi pedido pelos próprios índios, diante das dificuldades das comunidades Pataxó, Pataxó
hã-hã-hãe e Tupinambá e o descaso da Funai para com os índios.
"A comunidade Pataxó, no extremo sul, vem lutando pela demarcação do território e os Pataxó hã-hã-hãe, continuam vítimas das ameaças dos fazendeiros em Pau Brasil, apesar da área ter sido demarcada, a Funai até hoje não indenizou os fazendeiros. Por isso eles se negam a desocupar a área e o conflito continua", explica Zezito.
Ainda de acordo com ele, foi exposta para o diretor de assistência, a situação de miséria em
que vivem muitas aldeias com as famílias chegando a passar fome. O que os índios
reivindicam, segundo Zezito, é a liberação de recursos da Funai, para serem investidos no
projetos produtivos, como agricultura, piscicultura e outros que visam a auto-sustentação das aldeias.
O presidente dos Caciques criticou o descaso de alguns funcionários da Funai. "Algumas
lideranças vêm à Funai e não são sequer recebidas. Outras vezes, o órgão atende as
reivindicações só de um grupo provocando brigas internas nas aldeias. Queremos que todos
sejam atendidos com dignidade e igualdade". O diretor de Assistência da Funai, Petrônio
Machado, reconheceu que a relação do órgão com os índios passa por uma grave crise. "O que pude perceber deste encontro é que a unidade local não estava respondendo nem as
demandas mínimas, não conseguiam nem sequer encaminhar as reivindicações para as
instâncias devidas, gerando um mau estar no relacionamento dos índios e servidores da
Funai", afirmou.
A mudança deste quadro, prossegue Machado, é o principal objetivo da Funai. "Em conjunto com as lideranças definimos o nome do novo administrador regional (Sandro Pena Ribeiro) e a implementação de um modelo de gestão transparente e participativa, onde será prioridade prestar contas de onde o dinheiro deles vem e como é aplicado. Queremos assim reconquistar a confiança das comunidades", afirmou Machado. Ele enfatizou que a situação da Funai não é
das melhores: "Ou vocês ajudam socorrer a Funai ou a Funai não vai socorrer vocês". Segundo Machado, o orçamento da Funai é "absolutamente insuficiente" para as reais necessidades das comunidades indígenas. "Nos últimos anos as demandas dos povos indígenas se multiplicaram e nosso quadro de funcion´rios foi reduzido para menos da metade".

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