VOLTAR

Índios de todo o Estado estão se deslocando para Juti

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Antonio Viegas
18 de Mar de 2003

Índios de várias aldeias do sul do Estado estão se deslocando para a Fazenda Brasília do Sul, no município de Juti, para aguardar a visita do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Eduardo Almeida, e também, possivelmente, do ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano, o que deve acontecer no dia 26 deste mês. O presidente da Funai quer ver de perto a situação das famílias que estão ocupando parte da fazenda, área em litígio e que foi palco de um massacre, conforme considerou o Ministério Público Federal em janeiro último.
A visita do presidente da Funai foi anunciada na semana passada quando várias lideranças guaranis da região seguiram até Brasília e mantiveram uma reunião com Eduardo Almeida. No encontro foi discutida a situação das famílias que estão na área, em relação a segurança, estrutura física, alimentação e medicamentos. O índios estão na propriedade desde a morte do cacique e líder da comunidade, Marcos Veron, assassinado durante confronto com funcionários da fazenda.
A grande expectativa desse grupo de índios é que o presidente do órgão já traga em mãos o resultado dos levantamentos antropológicos realizados na propriedade e que, conforme a própria Funai, seria concluído neste mês de março. O relatório vai revelar se a área reivindicada pelo grupo de guaranis é terra indígena. Eles esperam também que Eduardo Almeida possa interceder diretamente com as autoridades judiciais para impedir que sejam retirados da fazenda.
O cacique guarani da reserva de Dourados, Carlos Duarte, confirmou que já estão na Fazenda Brasília do Sul mais de 350 indígenas de aldeias da região. Ele informou que, no próximo dia 22, mais 40 índios da aldeia local estarão se juntando aos demais em Juti, com o objetivo de dar apoio à comunidade que reivindica aquelas terras e também de receber o presidente da Funai. Duarte lembrou que o grupo ainda sente muito a morte do líder Veron e que, de forma poderia ser abandonado pelos seus patrícios.
Sobre a possibilidade de serem retirados da propriedade, os índios disseram que não vão aceitar essa determinação. A intenção é permanecer no local onde está sepultado o cacique assassinado e, se necessário, lutar para impedir o cumprimento da decisão. A luta, de acordo com o grupo, não é só jurídica, como já está acontecendo, mas também no corpo a corpo. Eles garantem que vão reagir a qualquer tentativa neste sentido.

Colheita
Por outro lado, conforme revelou Carlos Duarte, que esteve na fazenda até o final da semana, os arrendatários que haviam plantado soja numa parte da fazenda já começaram a colheita. Ele negou qualquer tipo de impedimento por parte dos índios como foi noticiado por alguns órgãos de imprensa. As lavouras só não haviam sido colhidas porque ainda não estavam no ponto. O procurador da República Charles Stevan confirmou a versão do índio com base no comunicado de um dos arrendatários, que garantiu não estar tendo nenhum problema com os indígenas.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.