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Índios de MT ocupam sede da Funasa

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Joanice de Deus
11 de Out de 2005

Pertencentes a quatro etnias, eles pedem regularização nos repasses para ong que faz atendimento médico

Índios das etnias irantxe, myky, enawene-nawe e nambikwara ocuparam ontem o gabinete da Coordenação Regional da Fundação Nacional do Índio (Funasa), em Cuiabá, para cobrar a liberação de recursos destinados à assistência médica das famílias indígenas.

Por meio de convênio o recurso é repassado em parcelas à Operação Amazônia Nativa (Opan), organização não-governamental responsável pela execução das ações de saúde nas aldeias e pelo atendimento de 1.100 índios. O valor do convênio é da ordem de R$ 1,2 milhão ao ano.

De acordo com Clecir Alencar, da Opan, a falta de recursos ocasionou a suspensão do atendimento e da compra de medicamentos. "Diante desta situação, os índios se mobilizaram para cobrar o repasse da parcela", comentou.

A parcela em atraso é de R$ 400 mil. O dinheiro é usado para pagamento dos profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, entre outros), motoristas, compra de combustível, além da aquisição dos medicamentos.

São 45 funcionários que estão há dois meses sem receber. "Se não resolverem esta situação, ficaremos sem assistência", afirmou o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena de Cuiabá, José Ângelo.

Em um documento encaminhado à Funasa, os índios se mostram preocupados com a falta de regularidade nos repasses financeiros, manutenção da frota, de rádio e outros materiais permanentes, além do "gradativo sucateamento dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis)". Eles pedem ainda a manutenção e melhoria do sistema de atenção à saúde indígena.

Além do repasse imediato do recurso para os convênios que já foram prorrogados, os representantes das quatro comunidades cobram uma data para unificação das parcelas que ainda deverão ser repassadas neste ano, ampliação do espaço de interlocução entre a Funasa e o Departamento de Saúde Indígena (Desai/Funasa), em Brasília, além da restruturação e fortalecimento dos Dseis.

Residente em Brasnorte, o enfermeiro Claudinei disse que existe uma preocupação em relação ao risco do surgimento de doenças, como diarréia, entre as crianças indígenas.

Com a ocupação os índios se reuniram com o coordenador regional da Funasa, Evandro Vitório, que manteve contado ainda ontem com a Funasa em Brasília. Vitório reconheceu que as reivindicações dos índios são justas e que o Desai garantiu o repasse do recurso. O motivo do atraso, segundo Vitório, se deve a questões burocráticas. Os índios prometem ficar na sede Funasa até que o dinheiro chegue em suas comunidades.

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