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Índios de Mato Grosso terão a primeira fábrica de óleo de castanha

24 Horas News-Cuiabá-MT
19 de Jul de 2003

A primeira fábrica de óleo fino de castanha do Pará em Mato Grosso, fruto da Cooperativa Mista dos Povos Indígenas (Compiva), no Vale do Arino, no Norte do Estado, começa a sua produção em setembro, logo após a colheita. Com capacidade para produzir 27.000 litros de óleo e 60.000 quilos de farinha, a fábrica beneficiará diretamente cerca de mais de 450 pessoas de três nações (Apiaká, Kaiaby e Mandurucu), que se encontram no Município de Juara (708 km ao Norte da Capital). São em torno de 50 famílias beneficiadas diretamente, sendo que, desse total, 13 não são indígenas.

Para a coordenadora de Assuntos Indígenas do Estado, Carmem Maria Castaldo, o Projeto da Cooperativa Mista vai mais além que mostrar a capacidade de produção dos povos Indígenas daquela região, mas também, provar o quanto são auto-suficientes e capazes de se organizar. Segundo a coordenadora, a cooperativa teve início em fevereiro deste ano, com o auxílio do Grupo de Trabalho Missionário (GTME) e do Ministério do Meio Ambiente. Num segundo momento, já para o próximo ano, a Famato e o Governo do Estado instalarão uma indústria de bolacha da farinha da castanha.

Tanto os Kayaby, como os Apiacá e os Mandurucu estão bastante esperançosos em relação aos primeiros resultados dessa produção. A melhor notícia é que toda essa produção já tem endereço certo: será exportada para Alemanha. O óleo será utilizado por fábricas de cosméticos.

Por força de lei, a árvore da Castanha do Pará não pode ser derrubada, o que já dá aos produtores uma segurança e, ao mesmo tempo, um maior compromisso com o meio ambiente. Nesse momento, os cooperados querem uma aproximação com os produtores rurais daquela região, no sentido de estabelecerem uma parceria, para que possam coletar a matéria-prima das reservas legais nas propriedades particulares, no entorno de suas terras.

As reservas legais estão amparadas pelo Código Florestal e em Mato Grosso, dependendo da localização das terras, podem representar de 30% a 70% das propriedades particulares. Os índios esperam poder colher a Castanha do Pará também nessas áreas. Outro passo são as parcerias que devem surgir a partir de agora, com outras nações indígenas. Por ser a castanha um fruto que pode ser estocado com pouco risco de deteriorar pode viajar por mais de 500 km. "Essa castanha poderá vir, por exemplo, dos Rikbatza (em Juara e Brasnorte), do Alto Xingu, ou quem sabe ainda, da região de Colniza, sem o menor problema", reforça a coordenadora.

Quem for ao Parque de Exposições, durante a 39ª Expoagro, para visitar a Oca dos Povos Indígenas, vai poder saber mais sobre a Compiva - primeira cooperativa indígena de Mato Grosso, além de conhecer mais sobre a cultura, através do contato com representantes daquelas nações e seu artesanato.

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