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Índios continuam sob risco em MT

Folha de Estado-Cuiabá-MT
22 de Nov de 2005

Membros da Frente de Proteção Etno-Ambiental Madeirinha, integrante da Coordenação de Índios Isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai) esperam pela presença da Polícia Federal, do Ibama e do Exército na área localizada na região do rio Pardo, próximo aos municípios de Colniza e e Aripuanã (1.065 km e 1.002 de Cuiabá, respectivamente), para continuar o processo de aproximação com o grupo de índios que vive isolado no local. Os indigenistas acreditam que existam aproximadamente 15 indivíduos no grupo, entre homens, mulheres e crianças. O coordenador-geral-substituto do setor de Índios Isolados da Funai, Armando Soares Filho, explicou que os indigenistas preferiram esperar pela operação de retirada dos invasores e proteção da área para que os índios isolados possam fazer distinção entre os grileiros e os membros do Madeirinha. "Como eles são índios isolados, branco é tudo igual, o que pode espantá-los ainda mais", salientou.

Questionado se os indigenistas estariam sofrendo algum tipo de ameaça dos grileiros, já que a Funai quer a retirada deles da região, Armando explicou que nada foi feito diretamente, mas de maneira velada. "Eles sabem onde estão os acampamentos da Funai, então atiram próximo do acampamento, como se fosse um alerta, mas não diretamente.

Sabemos que é para tentar intimidar, mas não adianta", afirmou Armando. Apesar de não estar dentro da mata, o grupo Frente de Proteção Etno- Ambienal Madeirinha continua fazendo a fiscalização e a manutenção da área, que está protegida por uma portaria da Funai. "Estamos aguardando a Justiça tomar uma atitude", salientou Armando.

No início deste mês, o Ministério Público Federal, por meio do procurador Mário Lúcio Avelar, protocolou uma ação civil pública na Justiça Federal de Mato Grosso com pedido de liminar em antecipação de tutela para que ocorra a desocupação imediata de terras na região do rio Pardo.

Além da desocupação imediata, o procurador também solicita a retirada dos grileiros, notificação imediata da Polícia Federal e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para que ocorra a retomada das terras. Também foi solicitado o auxílio, se necessário, do Exército brasileiro.

No início do mês de outubro, dia 3, o grupo de indigenistas conseguiu o primeiro contato com alguns membros do grupo de índios isolados. Para Armando, essa era a prova que faltava para que a área seja demarcada como indígena, definitivamente. "Vamos partir para o processo de regularização. Já estamos começando o processo para a identificação da área", concluiu Armando Filho.

Primeiro contato depois de nove anos Esta é a primeira vez, depois de nove anos, que uma equipe do setor de Índios Isolados da Funai tenta um contato com um grupo isolado. Na última vez, em outubro de 1996, foi possível o contato com um pequeno grupo de índios korubo, no estado do Amazonas.

Desde a década de 70, a Funai decidiu só fazer contato em casos em que os índios correm risco de extermínio. Desta vez, esse contato está sendo tentado com um pequeno grupo numa região devastada pela ação das madeireiras e de posseiros.

"Nesse processo de tentativa de contato encontramos 39 tapiris, que são um tipo de acampamento. Todos em locais diferentes. Isso demonstra que eles estão em processo de fuga, estão com medo", salientou Armando Soares Filho.

Para o procurador Mário Lúcio Avelar, a atuação de madeireiros na região é forte e são necessárias medidas urgentes para preservar a vida dos indígenas.

"Nós tememos pela vida dessas pessoas, que estão sem rumo e em processo de fuga por causa dos grileiros e madeireiros", salientou a analista pericial em antropologia do Ministério Público Federal em Mato Grosso, Jacira Bulhões

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