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Índios continuam extração e venda ilegal de madeira

Agência de Notícias-Florianópolis-SC
26 de Jan de 2000

Os índios da reserva Duque de Caxias continuam comercializando madeira extraída ilegalmente de um reflorestamento de propriedade da Battistella Indústria e Comércio, na localidade de Bonsucesso, na divisa entre Itaiópolis e Doutor Pedrinho. A denúncia foi feita por moradores, preocupados com a possibilidade de um conflito, caso sejam ameaçados de expulsão. Caminhões com placas dos mais diferentes municípios são vistos todos os dias fazendo o transporte das toras de pinus, principalmente no período noturno para driblar uma eventual fiscalização. Os índios também teriam invadido uma área pertencente a empresa Terra Nova Brasil, que tem sede em Rio Negrinho.
A nova invasão dos índios na área da Battistella ocorreu no dia 9 de dezembro do ano passado, sem que houvesse autorização por parte das lideranças. A alegação é que a ação era de um grupo dissidente. Na ocasião, a empresa ingressou na Justiça com pedido de reintegração de posse definitiva, que foi concedida pelo juiz Gilmar Lang.
Mas os indígenas não foram retirados do local. Esta semana eles invadiram uma outra parte da propriedade, que fica entre a vila de Bonsucesso e a Reserva Biológica de Sassafrás.
O engenheiro florestal da Battistella, Reinaldo Langa, confirmou que os indígenas fazem a retirada de pinus, comercializando a madeira a preços menores do que o mercado. Ele adiantou que em média 10 caminhões saem diariamente da reserva, principalmente à noite.
Os funcionários da madeireira fazem a anotação diária das placas, com o objetivo de registrar boletim de ocorrência por furto na delegacia de Itaiópolis. Eles inclusive já teriam sido ameaçados.
A Terra Nova Brasil não tinha informações a respeito de uma eventual retirada de madeira, por parte dos índios, no reflorestamento de sua propriedade. O comandante do 3o Batalhão de Polícia Militar, com sede em Canoinhas, tenente-coronel, Vanderlei Lopes, disse que não existe nenhuma solicitação do poder judiciário no sentido de que haja a reintegração de posse na área pertencente a empresa Battistella. Ele confirmou que na vistoria feita no local foi constatado que os índios estão retirando madeira. A PM está recebendo relatório diário da situação. (Orlando Pereira)

Relatório da Funai motiva invasão

A nova invasão dos indígenas na propriedade da Battistella foi motivada pelo relatório preliminar da Fundação Nacional do Índio (Funai), que aumenta a área da reserva dos atuais 14 mil metros quadrados para 37 mil. Embora a decisão ainda não seja definitiva, eles alegam que são os legítimos proprietários.
As prefeituras de José Boiteux, Vítor Meirelles, Doutor Pedrinho e Itaiópolis, e as empresas envolvidas, contrataram advogados para fazer as constestações dos dados do relatório. A entrega deverá ocorrer ate o dia 9 de fevereiro, na sede da Funai, em Brasília.
O prefeito de Vítor Meireles, Aldo Schneider (PMDB), observou que ninguém diz que as terras não pertencem aos índios. Metade dos 437 quilômetros quadrados do seu município, onde residem cerca de 350 famílias, com a demarcação passará a pertencer aos indígenas. (OP)

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