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Índios comemoram homologação em setembro

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: LOIDE GOMES
26 de Jul de 2005

Três meses após a homologação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, com 1,7 milhão de hectares nos municípios de Uiramutã, Normandia e Pacaraima, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) começa a preparar a festa de comemoração do decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último dia 15 de abril.
Os indígenas festejarão o reconhecimento oficial de sua terra durante 13 dias, de 20 de setembro a 3 de outubro, em eventos que serão realizados separadamente nas quatro principais regiões da reserva: Maturuca (de 20 a 24 de setembro), Canta Galo (de 25 a 27 de setembro), Camará (de 28 a 30 de setembro) e Bismark (de 1 a 3 de outubro).
Mil convites estão sendo distribuídos para autoridades civis e militares, procuradores, magistrados, antropólogos, jornalistas, religiosos e ativistas de direitos humanos e de defesa do meio ambiente e dos índios. Entre as presenças ilustres, os organizadores contam com a participação do presidente Lula. "Ele mesmo se convidou e disse que viria participar da comemoração", afirmou o vice-coordenador do CIR, Jairo Pereira da Silva. A promessa foi feita durante a solenidade de assinatura do decreto de homologação.
Pela lista de convidados, este poderá ser o evento de maior repercussão na história de Roraima. Fazem parte dela todos os ministros do governo Lula, senadores, entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), Aloízio Mercadante e Eduardo Suplicy, ambos do PT de São Paulo, além de dezenas de deputados federais de outros estados.
Pela manifestação pública em defesa da demarcação em ilhas - contrária à posição defendida pelo CIR, nenhum parlamentar roraimense, estadual ou federal, está entre os convidados da organização.
O governador Ottomar Pinto (PTB), assim como o governador do Acre, Tião Viana também vão receber os convites, além de representantes de 72 entidades, desde Organizações Não-Governamentais, como WWF e Greenpeace, órgãos da Igreja Católica, a empresas como a Reebok.
Os índios esperam ainda a presença de lideranças de 33 comunidades indígenas do Brasil e uma da Guiana, da ONU (Organização das Nações Unidas), Banco Mundial e Unicef. Entre os jornalistas, está o polêmico repórter Larry Rohter, do jornal americano New York Times, emissoras de rádio e TV, com destaque para a CNN, um dos maiores canais de jornalismo do planeta.
No convite, Marinaldo Justino Trajano e os coordenadores regionais das Serras, do Surumu, Baixo Cotingo e da Raposa escreveram: "Lembramos de você e sua equipe, que nos ajudaram a conquistar o reconhecimento oficial de nossa terra. São momentos felizes da nossa história", que serão festejados com "muita alegria, cantos, danças e muita animação". As presenças devem ser confirmadas até o dia 31 de agosto.
LOGÍSTICA - Apesar de fazer a comemoração em quatro aldeias diferentes, a solenidade mais importante será no Maturuca, principal centro de decisão dos povos indígenas ligados ao CIR. Ali, os índios já estão montando uma infra-estrutura para acomodar dez mil pessoas, com a ampliação das malocas que têm capacidade para receber cinco mil pessoas.
Para os convidados, a entidade está comprando mil colchonetes e já reservou 200 reses bovinas e farinha em quantidade suficiente para fornecer a alimentação. O transporte dessas pessoas é a maior preocupação, pela ausência de recursos financeiros para custear a locação dos veículos.
Para solucionar o problema, os indígenas pensam em pedir a colaboração dos convidados para pagar os dez ônibus que pretendem fretar. Também está nos planos a confecção de souvenires de artesanato indígena que façam referência à data.
Segundo Jairo Pereira, o CIR vai pedir o apoio da Polícia Federal para fazer a segurança dos quatro eventos, a fim de evitar conflitos com os indígenas contrários à homologação contínua. Caso o presidente ou o ministro da Justiça confirmem presença, ele destaca que o próprio Governo Federal cuidará da segurança pessoal desses signatários.
Ele ressaltou, no entanto, que a data para a comemoração foi marcada para cinco meses após a assinatura do decreto justamente para minimizar o acirramento dos ânimos na região.
Em sinal de amizade, informou que a Sodiur (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima), que liderou os protestos contra a homologação, e todas as entidades que apoiaram esses movimentos foram convidadas pelo CIR.
"Nós queremos trabalhar em parceria com essas entidades. Esperamos que após esses festejos, possamos trabalhar juntos, dividindo as responsabilidades para melhorar o atendimento nas comunidades", frisou.
A programação está sendo elaborada pelas comunidades que sediarão os festejos. Mas em todos eles haverá campeonatos esportivos com futebol e esportes nativos, além de apresentações de danças como parixara e a tukui e o caxiri na cuia, tradicional forró entre os indígenas.

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