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Índios buscam cura no Casai

Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Juliana Scardua
22 de Fev de 2004

Apenas 19 km os separam de prédios e semáforos. Nhambikwaras, bororos, xavantes, bakairis. Índios pertencentes às mais variadas etnias de Mato Grosso, e até mesmo de outros Estados, recorrem à Casa do Índio de Cuiabá (Casai), em busca da cura. O ambulatório de recuperação, composto por 28 leitos, tem o ar sisudo de hospital, atenuado pelas frondosas mangueiras que o cercam. Garantia de sombra, merenda e ambientação.

O chefe da unidade, José Maurício da Silva, explica que o prédio cravado a certa distância da Capital, rebuscado pelo verde das árvores, permite melhor adaptação e conseqüente influência na celeridade do tratamento dos pacientes.

No caminho pelos corredores, é possível observar famílias inteiras alojadas nos quartos, rogando pela saúde do ente internado. "O laço familiar entre eles é muito mais forte", constata Silva, relatando que os parentes se revezam, não deixando o doente sozinho.

A tese é confirmada pela substituta-chefe, Dorothy Mayron Taukane. Diariamente, ela permanece sentada frente a um rádio comunicador, informando, de 7h30 às 9h30, os quadros de saúde dos pacientes às aldeias.

A Casai de Cuiabá pertence ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, articulado com o Sistema Único de Saúde (SUS). Intensas críticas, protestos de comunidades indígenas e a alta taxa de mortalidade infantil, culminaram na reestruturação da política de saúde indígena no país. Em agosto de 1999, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) criou o subsistema. Com isso, cerca de 350 mil índios deixaram de ser assistidos, pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

A transição da responsabilidade sobre a saúde indígena gerou opiniões diversas e debates que se estendem mesmo passados quatro anos. O antropólogo João Dal Poz Neto, é enfático: "A Funai era uma desgraça". Segundo ele, cometia distorções das finalidades e má administração orçamentária. "É como se você tivesse o governo federal para os brasileiros. E para os índios? Um estadozinho vagabundo que era a Funai. Ela era aquela que devia amansá-los para abrir estrada, caverna, extrair e montar hidrelétrica".

Conforme avaliação do coordenador geral da Funasa em Mato Grosso, Sérgio Motta, são resultados perceptíveis, fruto da mudança, o grau de satisfação dos atendidos e a queda nos índices de mortalidade. Para tanto, aponta o aumento de verbas orçamentárias como ponto crucial nos avanços mencionados. No ano passado, R$ 106 milhões foram destinados à política de saúde indígena. O Orçamento federal para 2004 prevê investimento de R$ 270 milhões no segmento, contra apenas R$ 20 milhões, em 1998".

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