VOLTAR

Índios brasileiros ensinam a jogar futebol com a cabeça

ZipNet Noticias
Autor: Marcos Sibaja
27 de Out de 2001

Os índios brasileiros das tribos Enawene-nawe e Parecí estão dispostos a mostrar que futebol é um assunto de cabeça.
As duas tribos, que participam da quarta edição dos Jogos Indígenas do Brasil, mostraram às outras tribos do país sua maestria no jogo xikunahity, ou futebol de cabeça, em que os jogadores só podem usar essa parte do corpo para tocar a bola.
A nova modalidade de futebol se transformou em um dos grandes atrativos dos Jogos de 2001, disputados em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Futebol de campo, lutas, corridas com troncos e arco e flecha foram outros destaques da festa que reuniu 39 tribos de todo o país.
"Nós jogamos xikunahity nas festas tradicionais, quando se reúnem as 42 aldeias de nossa etnia", disse Arnhelo Zune Zakaó, chefe da delegação dos Pareci, que têm tradição no contato com os brancos e falam bem o português.
Já os Enawene-nawe moram na fronteira com a Bolívia e têm pouco contato com forasteiros. Por isso, só alguns entre seus 300 habitantes falam a língua portuguesa.
"A aldeia deles fica longe da nossa, mas às vezes os visitamos e jogamos com eles", disse Zakaó a respeito do Enawene-nawe. "Nossas línguas são diferentes mas conseguimos nos entender".
Com suas pinturas corporais vermelhas, os Enawene-nawe jogam o xikunahity para seus rituais anteriores à pesca de dezembro, entre a lua crescente e o final do ano.
Mariquero Sené, dirigente da equipe de seis atletas que chegaram a Campo Grande, disse que o ritual é composto por danças e cantorias aos espíritos celestes e subterrâneos.
"Os celestes são nossos antepassados, que vão a um mundo de abundância e liberdade", disse Sené. "Os espíritos subterrâneos são maus e traiçoeiros, por isso temos que agradá-los para não termos problemas com a pesca".

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.