Gazeta de Cuiabá-MT
02 de Out de 2001
Índios sem-terra das etnias terena, apiacá, umutina, pareci e bororo bloquearam ontem as BRs 163 e 364, na altura da Rondonópolis, Sul do Estado, a 240 km de Cuiabá. O clima ficou tenso durante todo o dia. A Polícia Rodoviária Federal (RF) intermediou vários conflitos entre índios e caminhoneiros.
Conforme o administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Rondonópolis, José Pereira de Miranda Filho, eles protestam contra a demora do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em vistoriar terras para assentamento.
"No dia 3 de setembro nós enviamos um ofício ao Incra solicitando a vistoria. Até agora, nada. Os índios não entendem que tanto o Incra quanto a Funai estão em processo de greve, aderindo à mobilização nacional dos servidores federais", justifica o administrador.
Ele afirma que os índios vão manter o bloqueio até que sejam assentados. Eles reivindicam a vistoria de uma área de 5,6 mil hectares, a 130 km de Rondonópolis, no município de Santo Antônio do Leverger.
Atualmente 83 famílias de índios sem-terra, principalmente terena, vivem às margens da BR-163, próximo a Rondonópolis, aguardando um assentamento definitivo. A luta dos terena pela conquista de terras vem de longa data. No dia 8 de agosto, estiveram em Brasília, reunidos com representantes do Incra e Funai, reivindicando a desapropriação de 10 mil hectares da Fazenda Mirandópolis, em Rondonópolis, onde seriam assentados em conjunto com membros do movimento sem-terra.
"As negociações para aquisição da fazenda estavam bastante avançadas, quando o proprietário tentou superfaturar o valor da terra e o Incra teve que abrir mão da compra. Ele chegou a pedir R$ 30 milhões pela área", conta Miranda. De acordo com ele, o insucesso da desapropriação deixou os índios insatisfeitos. "Achei que tivesse contornado o problema localizando esta nova área", conclui ele.
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