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Índios avás-guaranis vão ter reeducação alimentar

O Estado do Paraná-Curitiba-PR
Autor: Patrícia Iunovich
10 de Ago de 2001

A subnutrição que atinge índios avás-guaranis da aldeia de Santa Rosa do Ocoí, em São Miguel do Iguaçu, a 35 quilômetros de Foz do Iguaçu, começará a ser combatida na semana que vem. A partir de segunda-feira, eles poderão participar de um programa de re-educação alimentar. A iniciativa é da Funai (Fundação Nacional do Índio) e Funasa (Fundação Nacional de Saúde) com o apoio da Prefeitura local. Uma nutricionista vai ajudar os índios a mudar a dieta, comprometida por causa dos costumes do homem branco trazidos para dentro da comunidade.No mês passado, a Secretaria Municipal da Saúde constatou que 23 índios de zero a três anos estavam subnutridos. Eles foram submetidos a exames que confirmaram baixa concentração de ferro na alimentação da aldeia. A subnutrição é atribuída à intolerância dos índios a alguns alimentos, como frutas, verduras, legumes e leite - falta de informação e também pela interferência da cultura branca. Muitos produtos industrializados foram incorporados à alimentação dos índios nos últimos anos, como refrigerantes, chocolates entre outros doces, por exemplo.A Funai vai ceder a comida e a Prefeitura de São Miguel a cozinha para a preparação dos alimentos.DependentesA aldeia avá-guarani tem cerca de 480 índios, que vivem numa área de 231 hectares na área rural de São Miguel do Iguaçu. A tribo não vive por conta própria. O ultraje não se resume à perda de identidade indígena, mas estende-se sobretudo à dependência da comunidade ao homem branco, que vai desde o tratamento dos doentes ao cultivo da terra para a subsistência. Antes livres da convenções e delimitações territoriais, os avás-guaranis habitavam toda a região que hoje compreende o Oeste do Paraná e Leste do Paraguai.Desde a formação do reservatório da Usina de Itaipu e o assentamento na reserva do Ocoí, há 18 anos, muitos índios que moravam no país vizinho cruzaram o Rio Paraná para viver na aldeia. A comunidade subiu de pouco mais de 20 famílias em 1982 para 103 atualmente, que vivem em 97 casas de pau-a-pique. As habitações são tão precárias que mal conseguem protegê-la das intempéries.Estão localizadas ao longo das margens de duas estradinhas de terra que dão acesso à escola onde estudam 113 indiozinhos e ao único poço artesiano que abastece toda aldeia. Para sobreviver, os avás-guaranis da reserva cultivam lavouras de milho, mandioca, feijão, arroz, batata, amendoim, entre outras. Muitos deles ainda têm de trabalhar como bóias-frias nas lavouras da região para garantir a subsistência da aldeia, comprando açúcar, farinha e outros produtos que não plantam na reserva. O transporte até esses lugares é feito em paus-de-arara. No ano passado, 20 índios contraíram malária.

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