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Índios aprisionam técnicos da Funai

O Norte - http://www.jornalonorte.com.br/
Autor: Demócrito Garcia
15 de Set de 2010

Comunidades indígenas questionam controle das ações na Paraíba por Unidade Gestora da fundação, no Ceará

Dez funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) foram aprisionados na manhã de ontem por índios da tribo Potiguara, da região da Baía da Traíção, litoral norte da Paraíba. Os índios aprisionaram os técnicos da fundação como forma de reivindicar a retomada das atividades da Unidade Gestora da Funai no estado. Os pedidos serão enviados ao presidente do órgão, Márcio Meira, em Brasília. Enquanto não forem atendidos, os índios prometem não liberar os reféns, mas garantem não agir com violência física contra eles. Até o fechamento desta edição os funcionários não haviam sido liberados.

Os líderes das 31 aldeias da região tomaram a decisão de monitorar os membros da Funai durante uma reunião para formação do plano de gestão para a nação potiguara. Estão aprisionados três coordenadores gerais e três consultores da Funai de Brasília. Além deles, estão quatro servidores locais que deixaram de dormir e comer em um pousada na região, sem poder deixar a Escola Indígena Pedro Poty, que funciona na aldeia central da tribo.

A mobilização dos índios serve para chamar atenção para os problemas que a comunidade indígena tem enfrentado com a extinção da Unidade Gestora da Funai na Paraíba. Segundo o líder José Ciriaco, conhecido como Capitão Potiguara, desde dezembro do ano passado, a gestão passou a ser centralizada na unidade da Funai em Fortaleza, no Ceará. "Isto dificulta a comunicação, eles não conhecem nossa realidade, estamos sem passagem, com carros quebrados, sem alimentação, sem telefone e eles precisam voltar a olhar para cá", reclama.

Os índios aguardam comunicação oficial da Funai ou da Presidência da República sobre a reativação da Unidade Gestora da Paraíba para liberar os reféns. O cronograma da visita será mantido, e serão feitas reuniões em boa parte das 31 aldeias da região para o término do plano de gestão. Eles garantiram que nenhuma violência será cometida contra os profissionais da fundação. "Eles vão comer e dormir aqui, queremos que eles vejam como está a situação da nossa gente, " assegurou "Caboclinho", Cacique Geral da Área Potiguara.

Sem violência

O clima na aldeia central dos Potiguaras não era de hostilidade durante o dia de ontem. Os funcionários da Funai informaram não ter sido ameaçados em qualquer momento pelos índios. Um dos monitorados é o coordenador de Etnodesenvolvimento da Funai em Brasília, Martinho Andrade. Ele descreveu que a ação dos índios teve início na abertura dos trabalhos sobre o plano de gestão, mas em momento algum teve medo de ser agredido.

"Esta é uma forma de eles se manifestarem, mas ficaremos apenas os três dias que foram programados, isto vai acabar logo", destacou Martinho. O coordenador, no entanto, relatou que é preciso um diálogo melhor com os índios, e que eles entendam os trâmites burocráticos para aquisição de recursos. Este mesmo fundamento foi utilizado, segundo Martinho, para a desativação da Unidade Gestora da Paraíba. "Para o governo, é mais interessante ter menos unidades que lidam com orçamento, é menos risco de erros e desvios", opinou. A direção nacional da Funai não se pronunciou sobre o caso.

http://www.jornalonorte.com.br/2010/09/15/diaadia1_0.php

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