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Índios apóiam greve da Funai e exigem aumento do orçamento

Estadão do Norte-Porto Velho-RO
Autor: RONDINELI GONZALEZ
16 de Mar de 2005

Representantes de 9 etnias indígenas de Rondônia e Sul do Amazonas estiveram, na manhã de ontem, em frente ao prédio da Fundação Nacional do Índio (Funai) para dar apoio aos servidores que aderiram ao movimento grevista nacional de todos os órgãos federais.
Segundo o presidente da Coordenação de Fortalecimento de Movimento Indígena do Estado de Rondônia, Sul do Amazonas e Noroeste, José Saterê-Maué, há mais de 20 anos que é feito o acompanhamento das ações da Funai em Rondônia, mas esta é a primeira vez na história do Brasil que os indígenas participam de uma paralisação dos servidores federais.
"Não podemos nos acomodar com essa situação que vem se arrastando há um bom tempo. Sabemos que o salário dos servidores podem ser aumentados para dar mais estímulo ao trabalho e acompanhamento de nossas nações indígenas. Com isso, aproveitamos para informar que a cada ano o governo federal corta ainda mais o orçamento destinado à benefícios dos índios através da Funai e isso tem que ser combatido", comenta.
Mas o líder indígena explica que um dos principais motivos dessa parceria na greve é justamente para exigir, também, um apoio mais adequado do governo no que se refere à produção nas reservas.
"Não queremos mais saber desse negócio de facão e machado, queremos mesmo é implementos agrícolas com maior tecnologia, que facilitem o nosso trabalho, como motores e tratores", dispara.
O seu depoimento é acompanhado pelo presidente da Associação dos Povos Indígenas Tenharin Moroitá, Zelito Tenharin, que sinaliza para a apertada viabilização de recursos atualmente praticada. "Os indígenas de todo o Brasil possuem terras imensas, mas não podem trabalhar direito pois a Funai não tem recursos suficientes para nos ajudar. Por isso estamos aqui, exigindo também uma melhoria na fiscalização das reservas. Estamos juntos nesta luta", disse.
A servidora da Funai, Cleide Bezerra, que também é líder de base da instituição, explica que a greve está acontecendo há 10 dias e com o objetivo de concluir a aprovação e prática do Plano de Carreira Indigenista (PCI), que há 10 anos está emperrado. "É muito importante essa participação dos índios, pois eles também estão sendo prejudicados com nossa paralisação, mas compreendem nossa situação."
Participam da mobilização as etnias saterê-maué, tenharin, turá, aporinã, mura, jiarrui, mundurucu, parintintin e pirarrá, representando cerca de 4.800 índios.

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