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Índios ameaçam atear fogo na Funai

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: Elcimar Freitas
12 de Mai de 2004

Índios contrários à homologação contínua da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, que desde a manhã de segunda-feira invadiram a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), pretendem radicalizar o movimento.

Atear fogo na sede do órgão, fechar as rodovias, mais uma vez (em janeiro por cinco dias a BR-174 ficou bloqueada) e trazer para Boa Vista um número maior de índios são atitudes que os indígenas tomarão caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve reunido com lideranças favoráveis à homologação em área contínua anteontem, não receba os líderes da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiur), Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima (Alidcir), Associação dos Rios Kinô, Contigo e Monte Roraima (Arikon) e Conselho do Povo Ingaricó (Coping).

No final da tarde, depois de uma reunião na Associação Comercial, entidades ligadas a produtores de arroz, carne, a presidente da Câmara, Lourdes Pinheiro (PSB), e outros foram à sede da Funai em solidariedade ao movimento indígena.

No auditório do órgão, eles participaram de uma reunião com 29 tuxauas e as lideranças das entidades contra a demarcação em área contínua. A maioria foi incisiva em afirmar que, caso o presidente da República faça a demarcação da área como a Funai quer, haverá um confronto.

Ontem pela manhã, os mais de 200 índios continuavam ocupando a Funai. Algumas salas da sede foram transformadas em quartos. Pneus e gasolina foram levados para o órgão.

Segundo informações do tuxaua Anísio Pedrosa, presidente de Alidcir, o clima ainda é tranqüilo, mas garante que algumas lideranças já estão impacientes. "Ainda estamos conseguindo controlar a situação", afirmou.

Anísio disse que a demora em uma resposta do Governo Federal pode acirrar os ânimos dos índios que, segundo ele, sempre agiram de forma pacífica e ordeira. "Não tocamos fogo em ponte nem derrubamos portes de iluminação e de telefonia", disse o tuxaua.

Com relação aos pneus, Anísio, afirmou que será usado em barricadas caso a polícia, sem uma reintegração de posse, tente chegar à sede da Funai ocupada pelos índios contrários à demarcação em área contínua pela segunda vez este ano.

O presidente da Alidcir disse que os índios querem apenas uma resposta da Casa Civil, para onde encaminharam um ofício, na manhã de ontem, solicitando audiência com o presidente da República.

Anísio deixou claro que, caso seja necessário, às lideranças irão mandar mais índios para que seja garantida a permanência deles na sede da Funai. "Não vamos quebrar nada. Da maneira como encontramos a sede iremos entregar", disse.

Primeira invasão - A sede da Funai foi invadida em janeiro deste ano. Índios contrários à homologação em área contínua, após o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, anunciar a homologação da área única, realizaram uma série de protestos em Roraima.

Indígenas ligados à Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiur), presidida por Silvestre Leocádio, Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima (Alidcir), Associação dos Rios Kinô, Cotingo e Monte Roraima (Arikon) e Conselho do Povo Ingaricó (Coping) Albertino Dias de Souza e produtores de arroz bloquearam as principais rodovias do Estado. Invadiram a missão de Surumu e mantiveram três religiosos reféns em uma comunidade indígena.

Por cinco dias os manifestantes bloquearam a BR-174, quando um grande congestionamento de carros, ônibus e caminhões tomou conta da BR-174, rodovia federal que liga Boa Vista à Venezuela.

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