VOLTAR

Índios ainda resistem e fogo avança em parque

Jornal do Tocantins-Palmas-TO
25 de Set de 2003

Enquanto chamas destroem vegetação na ilha, Ibama espera posição da Funai para entrar na área.
O fogo no Parque N.acional do Araguaia, localizado na Ilha do Bananal, a cerca de 230 quilômetros de Palmas, já destruiu 40 mil hectares de vegetação da unidade ambiental, que possui 556 mil hectares e queima há três dias. Enquanto isso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta negociar com os índios que vivem na área para que os brigadistas possam entrar na reserva e combater as chamas.

Até o final da tarde de ontem, era aguardado no local um técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Gurupi, a 243 quilômetros da Capital, que, junto com os técnicos do Prevfogo e a nova diretora do parque, a engenheira florestal Selma Cristina Ribeiro, negociariam com os índios Javaé e Karajá. A expectativa é de que os trabalhos de combate ao incêndio iniciem na manhã de hoje.

Área
Segundo o coordenador do Prevfogo, Raimundo Noleto, somando os 40 mil hectares já queimados com os 60 mil atingidos pelo incêndio do mês passado, já foram destruídos 100 mil hectares. De acordo com ele, em função do relacionamento entre índios e o Ibama, que no passado já envolveu até seqüestro de funcionários e destruição da sede do parque, os brigadistas ainda não haviam entrado na unidade, porque as comunidades indígenas ainda não haviam se mostrado nem favoráveis e nem contrárias à penetração das equipes na área atingida pelo fogo. "Diante do silêncio, nós entendemos que eles não queriam nossa presença na ilha, mas como agora o fogo está se aproximando da Aldeia Macaúba e com a chegada do funcionário da Funai, devemos começar o combate a partir das primeiras horas de amanhã (hoje)", explicou. Noleto lembra que grande parte dos caciques locais, mesmo depois da demarcação de suas terras, reivindica a ilha inteira como sendo pertencente a eles (Karajá/Javaé).

O diretor do Prevfogo diz que até agora as chamas queimaram a vegetação de varjão (capins e gramíneas). "Também queimou algumas matas ciliares que estavam mais secas e nossa preocupação agora é uma mata densa, onde era a antiga sede do parque", diz ele, acrescentando que essa é também uma formação florestal protetora da Aldeia Macaúba dos índios Karajá.

No local, conforme explicou Noleto, existem 21 brigadistas do Ibama e mais 11 indígenas que foram habilitados pelo órgão recentemente e que deverão ser contratados para auxiliar no combate às chamas.

Ilha
Com quase dois milhões de hectares e considerada a maior ilha fluvial do planeta, a Ilha do Bananal tem 80 quilômetros de largura (sentido Leste-Oeste) e 350 quilômetros de extensão no sentido Norte-Sul, sendo seus principais rios o Araguaia e o Javaé. Com a destruição da vegetação pelas chamas, os biólogos explicam que a maior perda é do habitat dos animais. De acordo com o biólogo do Ibama Anael Jacó, na Ilha do Bananal existem animais como a onça pintada, tamanduás-bandeira, além de várias espécies de répteis e aves.
(Jorge Gouveia-Jornal do Tocantins-Palmas-TO-25/09/03)

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.