VOLTAR

Índios agridem secretário na Capital

Zero Hora-Porto Velho-RS
06 de Jun de 2005

Beto Moesch enfrentou resistência ao remover casa construída no Morro do Osso

Ao vistoriar uma construção irregular sábado à tarde no Parque Natural do Morro do Osso, na zona sul de Porto Alegre, o secretário municipal do Meio Ambiente (Smam), Beto Moesch, 39 anos, foi agredido por índios caingangues.

Atacado por cerca de 20 indígenas, alguns com paus e barras de ferro, o secretário teve o nariz quebrado e sofreu lesões na cabeça e nas pernas.

Aproximadamente 25 famílias caingangues vivem em barracas de lona próximas a uma das entradas do Morro do Osso há cerca de um ano. No sábado, ergueram uma casa de madeira dentro dos limites do parque. Acompanhado de funcionários, Moesch pretendia desmontar a moradia quando começou o desentendimento.

O secretário sofreu fratura no nariz, caiu no chão com as agressões e depois precisou ser atendido no Hospital de Pronto Socorro (HPS). A camiseta branca que vestia foi rasgada e ficou suja de sangue.

Moesch foi ao local alertado por funcionários do parque, que localizaram a casa dentro da área da reserva no sábado pela manhã. Conforme a administradora do local, Maria Carmem Bastos, haveria uma reunião na sede do parque para discutir a questão.

Antes de chegar ao encontro, por volta das 15h30min, Moesch decidiu conversar com os índios, acompanhado de uma representante da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Segurança Urbana.

Em um dos acessos do parque, conhecido como Sétimo Céu, já estavam 10 funcionários da Smam que deveriam desmontar a moradia de 20 metros quadrados, erguida com tábuas de costaneira. Moesch havia pedido apoio da Brigada Militar, mas os PMs não tinham aparecido até aquele momento.

- Eu queria ver a casa - disse o secretário a Zero Hora, enquanto era medicado e submetido a exames no HPS.

Segundo Moesch, ele foi atacado assim que cruzou o portão da reserva. Cerca de 20 índios teriam participado da agressão com barras de ferro, cadeiras e tábuas. Ele contou que foi derrubado várias vezes no chão e chutado.

- A intenção deles era de me matar na porrada. Minha sorte é que sou um cara forte - afirmou o secretário, sem lembrar quanto tempo demoraram as agressões.

Reunião hoje deve decidir saída de índios

A confusão terminou com a intervenção da representante da Secretaria dos Direitos Humanos e dos funcionários da Smam. Policiais do 1o Batalhão da Polícia Militar foram ao local e levaram Moesch para o HPS.

Enquanto isso, índios foram até a 6ª Delegacia da Polícia Civil e registraram queixa de agressão contra Moesch. Segundo a ocorrência, o secretário mordeu o braço direito da caingangue Janete Vergueiro, 28 anos, e derrubou outra índia, Cleunice dos Santos, 22 anos, grávida de sete meses.

- É de rir. Tenho testemunhas. Não agredi ninguém. Cometeram um erro e estão tentando se desculpar com mentiras - rebateu Moesch.

De acordo com os índios, a prefeitura não tem poder para retirá-los do local, pois o assunto tramita na Justiça Federal. Os caingangues reivindicam a posse dos 328 hectares do parque, pois entendem que o local pertenceu a antepassados e foi um cemitério indígena. Eles reclamam que não tem para onde ir, estão mal-acomodados às margens de um penhasco e com riscos para as crianças.

Hoje, Moesch, técnicos da prefeitura e comandantes da Brigada Militar deverão se reunir para decidir sobre a retirada da casa irregular dos índios. O secretário também estuda uma ação criminal contra o cacique dos caingangues agressores.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.