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Índios afirmam que são lembrados só em 19 de abril

Estadão do Norte-Porto Velho-RO
Autor: MARCELA XIMENES
20 de Abr de 2004

A música diz que "todo dia era dia de índio", uma referência ao tempo em que os índios eram donos das terras brasileiras antes de serem "descobertas" pelos portugueses em 1500, mas "agora ele só tem o dia 19 de abril". O Dia do Índio foi instituído em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, a exemplo dos demais países da América, que já havia estabelecido a data três anos antes no I Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México.
Ontem, em Porto Velho, não houve nenhuma programação comemorativa. Mas, comemorar o quê? "Não temos nada o que comemorar, só a lamentar", afirma Almir Suruí, coordenador da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e Sul do Amazonas (CUNPIR). "Os inúmeros problemas por quais passam a raça indígena merecem reflexão e ação. A gente só comemora o que é bom", diz.
Segundo Almir Suruí, o dia 19 de abril é de relembrar a invasão sofrida há mais de 500 anos. "Desde então perdemos todos os nossos direitos: a terra não é mais nossa, temos dificuldade em manter nossa cultura", argumenta. Atualmente a luta da Cunpir, segundo Suruí, é pela qualidade de vida dos indígenas que reivindicam saúde, educação e geração de renda. "O recurso para a saúde do índio é razoável, mas a Funasa têm dificuldades na aplicação de programas", afirma. Segundo ele, poucos profissionais da Funasa conhecem a fundo a questão indígena.
"É preciso que a Funasa busque o entendimento com os índios, que conhecem os problemas, para que os programas sejam executados de acordo com as reais necessidades", diz. A educação também é motivo de preocupação: na maioria das aldeias os estudantes estão sem aula por falta de professores. É que o contrato dos professores indígenas ainda não foi renovado pela Secretaria Estadual de Educação, mas Suruí acredita que até o final deste mês a situação seja regularizada.

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