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Índio carajá é morto a tiro e facada em discussão

O Popular-Goiânia-GO
Autor: Maria José Silva
19 de Ago de 2003

Edivaldo, que trabalhava na Funai, estava embriagado e foi morto a tiros e facadas em invasão na Alameda Botafogo. Irmão da vítima pede justiça

O índio carajá Edivaldo Moreira saiu da aldeia kurehê, em Xambioá (TO), na década de 80, com a intenção de trabalhar e viver em Goiânia. Em 1987, entrou na Fundação Nacional do Índio (Funai) no cargo de auxiliar administrativo. Como muitos indígenas, envolveu no alcoolismo, uma das conseqüências mais graves do processo de aculturação. Na noite de domingo, o uso de bebida alcoólica por Edivaldo Moreira acabou em tragédia. Ele foi assassinado a tiros e com golpes de faca, por volta das 21 horas, quando discutia com um homem residente em uma invasão na Alameda Botafogo, no Jardim Goiás.

Edivaldo Moreira tinha 41 anos e era pai de quatro filhos. As circunstâncias em que ocorreu o crime começaram a ser investigadas na noite de domingo por uma equipe da Delegacia Estadual de Homicídios (DEH) coordenada pelo delegado José Maria da Silva. Os primeiros levantamentos feitos pelos policiais civis indicam que o índio, embriagado, teria se dirigido para a casa de um homem, identificado apenas como Antônio, na Alameda Botafogo. Conforme testemunhas, os dois começaram a discutir. Antônio teria pedido para Edivaldo ir embora, alegando que não queria se envolver em confusão. Em seguida, os vizinhos ouviram disparos de revólver e viram Antônio fugir correndo. Edivaldo foi encontrado morto, com ferimentos à faca e à bala.

O assassinato comoveu as pessoas que trabalhavam com o carajá na unidade da Funai, no Setor Universitário. O chefe do serviço administrativo da fundação, Francisco Otávio Reis Oliveira, informou que Edivaldo, apesar da bebida, era servidor assíduo. O irmão dele, Edimilson Moreira Karajá, veio a Goiânia há alguns dias para convencê-lo a retomar o tratamento feito algumas vezes na Casa de Eurípedes, entidade conveniada à Casa de Saúde do Índio, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Ontem, Edimilson pediu justiça para a morte do irmão.

Apelo
"Faço um apelo ao governador e ao secretário de Segurança Pública para que haja justiça nesse caso. Pela pessoa que era e por trabalhar na Funai, meu irmão era muito importante para o nosso povo", sublinhou. O corpo de Edivaldo Moreira foi levado em um carro cedido pela Casa de Saúde do Índio para Xambioá, onde vai ser enterrado. O delegado José Maria da Silva acredita que o acusado do assassinato deve se apresentar à DEH nos próximos dias.

O coordenador regional da Funasa, Rui Gomide Barreira, frisa que o alcoolismo entre os indígenas é uma das questões mais preocupantes da instituição. O uso cada vez mais freqüente de bebida alcoólica por índios, explica, é decorrente da diminuição da distância entre as aldeias e as cidades e da convivência próxima entre brancos e indígenas. Em função disso, o índio tem incorporado muitos hábitos prejudiciais à saúde.

Na tentativa de minimizar o problema, equipes multidisciplinares da Funasa realizam palestras sobre temas variados nas aldeias. Atualmente, a Coordenação Regional do órgão responsabiliza-se pela assistência à saúde de cerca de 2,3 mil índios espalhados em aldeias localizadas em Goiás e em parte do Mato Grosso e Tocantins. A Casa de Saúde do Índio, conforme Rui Gomide, é referência no País. Lá são acolhidos também índios que vêm de outras regiões brasileiras.

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