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Indígenas temem extinção

A Crítica-Manaus-AM
Autor: [ Marilea Amaral ]
04 de Fev de 2003

Enquanto esperam pela administração federal, os indígenas lutam para que alguns povos não acabem completamente extintos por causa do contato com os "brancos"- estes são sempre ameaça, porque degradam o meio-ambiente comprometendo a pesca e a caça; desvirtuam a cultura indígena introduzindo costumes estranhos a esses povos; e são fontes de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), gripes e tuberculose.

Na chegada dos portugueses ao país, em 1500, estima- se que existiam aproximadamente seis milhões de índios. Atualmente, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há cerca de 701.462. A Região Norte abriga uma população indígena de 200.934, sendo que o estado do Amazonas concentra a maioria: 119.927, ou 17,10%. "Temos povos em quase todos os municípios amazonenses", diz Jecinaldo Barbosa, coordenador da Coiab, adiantando que a maioria das terras indígenas no Estado estão demarcadas. "Nós lutamos, brigamos e conseguimos", gaba-se.

Foi uma vitória importante, mas a terra, somente, não basta. É preciso que os índios tenham qualidade de vida e condições de sustento próprio. De acordo com Jecinaldo Barbosa, a destruição dos recursos naturais renováveis fez com que boa parte dos índios nas terras demarcadas sofra com a miséria. "Eles não vivem, sobrevivem", reclama.

"Há 500 anos o índio tinha tudo. Ele tinha autonomia, não precisava de ninguém. Após os contatos, ela (autonomia) foi roubada através do fim dos recursos naturais. Por que será que falta comida entre os Saterés-Mawés? porque uma empresa francesa entrou na nossa terra, colocou dinamite no rio e acabou com os peixes", diz.

O projeto da Fepi é resgatar a qualidade de vida dos índios. Em boas condições, eles têm auto-estima, valorizam sua cultura e aumentam a sua população. "Mas é importante lembrar que, para nós, qualidade de vida não é só ter comida. É ter a nossa terra, nossa cultura preservada, saúde, autonomia e respeito. Se não temos isso, não temos qualidade de vida", resume Jecinaldo.

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