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Indígenas solidários com etnia guarani-kaiowa

Correio do Povo-Porto Alegre-RS
17 de Dez de 2005

A retirada de cerca de 700 índios guarani-kaiowa de suas terras tradicionais no Mato Grosso do Sul, na quinta-feira, causou revolta entre os participantes da Conferência Regional dos Povos Indígenas do Pará, Maranhão e Amapá, realizada em Belém. Eles elaboraram moção de repúdio à decisão do Supremo Tribunal Federal de suspender o Decreto de homologação da terra indígena Cerro Marangatu, assinado pelo presidente Lula em 29 de março deste ano.

De acordo com a nota, a decisão do ministro Nelson Jobim 'afronta o Constituição federal de 1988; demonstra a parcialidade e a influência política da decisão do STF em favor dos fazendeiros e ameaça a vida do povo guarani-kaiowa no Mato Grosso do Sul'.

Ontem, fazendeiros tentaram fazer passar uma boiada por cima dos barracos em que os índios estão abrigados desde quinta-feira. Desde o despejo, eles construíram pequenos abrigos à beira da estrada que liga o município de Antônio João a Bela Vista.

Segundo o líder indígena Isaías Sanches Martins, os 26 hectares destinados pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) às centenas de índios guarani-kaiowa são um brejo, 'um verdadeiro império de sapos'. Além de não oferecer condições de moradia, Martins afirma que o solo também é impróprio para o cultivo. 'Não existem condições para manter um ser vivo lá dentro. Nós índios saímos de lá porque não aguentávamos mais aquela situação', desabafa.

Boa parte das casas, roupas, comida e vestuário tradicional foi queimada pelos fazendeiros enquanto os indígenas carregavam o que podiam para fora da área em litígio. Os policiais não impediram o início da ação dos fazendeiros. Os guarani-kaiowa, que tradicionalmente vivem da agricultura de subsistência, hoje sobrevivem graças às cestas básicas doadas pelo programa Bolsa Família do governo federal.

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