VOLTAR

Indígenas são contra proposta

Folha de Boa Vista-RR
07 de Mar de 2002

O coordenador do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Jaci José Souza, afirma que a interdição do trecho da BR-174, entre Manaus/Boa Vista, dentro da reserva indígena é uma necessidade e um dos mecanismos de sobrevivência dos Waimiri-Atroari.
O líder indígena disse que em hipótese alguma não dá para aceitar a proposta do senador para liberação da estrada. Uma das justificativas apresentadas pelo coordenador do CIR é o número elevado de acidentes ocorridos em outro trecho da BR-174, no trecho norte.
Segundo ele, nos últimos meses, nove indígenas foram mortos vítimas de acidente rodoviário no perímetro entre o município de Boa Vista e Pacaraima, onde está localizada a Reserva São Marcos.
"Como naquele trecho não existe um controle rigoroso, principalmente no período noturno, acontecem muitos acidentes. O livre acesso está pondo em risco a vida de muita gente, por isso somos totalmente contra a liberação do trecho que fica dentro da Terra dos Waimiri-Atroari", justificou.
Quanto à proposta de cobrança de pedágio, Jaci Souza disse que é totalmente contra, porque dinheiro algum paga a vida de uma pessoa. Ele confirmou que nos próximos dias fará uma visita às lideranças da comunidade Waimiri-Atroatri, para, dentre outros assuntos, discutir a melhor forma dos indígenas preservarem a interdição da estrada.
A Apir (Associação dos Povos Indígenas de Roraima) também é contra a liberação integral do tráfego na BR-174. Segundo o presidente da organização indígena, Alfredo Firmino da Silva, desde o ano passado as lideranças da área São Marcos estão discutindo a possibilidade de interdição do trecho da estrada que passa por dentro da reserva.
"A gente está muito preocupado com o trânsito livre, pois tem causado muitos acidentes. Caso não consigamos a interdição no período da noite, queremos que pelo menos haja uma fiscalização mais rigorosa. Nossas comunidades localizadas na beira da estrada ficam sem qualquer segurança, principalmente nossas crianças correm risco de vida", desabafou.
SOBREVIVENTES - Segundo historiadores, no início do século passado, a população estimada dos Waimiri-Atroari passava dos seis mil habitantes. Durante o período de construção da BR-174 esta etnia foi reduzida a uma população de 350 indígenas, "chegando num estágio de pré-extinção".
Entretanto, nos últimos anos, os Waimiri-Atroari conseguiram superar parcialmente as dificuldades que tiveram no contato com a sociedade envolvente e estão aumentando em número. Hoje, somam mais de 800 indígenas.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.