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Indígenas reúnem-se para elaborar lista para a Funai

A Crítica, Cidades, p. C7
01 de Abr de 2005

Indígenas reúnem-se para elaborar lista para a Funai
Representantes dos índios vão sugerir nomes para novo administrador

A novela da escolha da nova administração regional da Fundação Nacional do índio (Funai) pode estar chegando ao fim. Representantes das lideranças indígenas do Amazonas reúnem-se hoje em Manaus para elaborar uma lista de nomes de índios que será sugerida à direção nacional do órgão para que seja definido o nome do novo administrador. 0 prazo final para a nomeação termina no dia 18 de abril, limite estipulado em um acordo judicial firmado na Justiça Federal entre Funai e lideranças indígenas no início deste mês.
0 impasse em torno de um novo dirigente regional para o órgão começou em janeiro deste ano, quando a sede da administração regional foi ocupada por 30 indígenas do Município de Autazes (a 118 quilômetros de Manaus). As lideranças indígenas reivindicavam a exoneração do então administrador regional Benedito Rangel de Morais, a demarcação de terras no município e a investigação de arbitrariedades ocorridas durante a gestão de Rangel.
A sede da Funai em Manaus ficou ocupada durante um mês por aproximadamente 200 indígenas e Rangel foi afastado do cargo de administrador regional. Por conta da ocupação, as atividades do órgão ficaram temporariamente paralisadas e a sede só foi reaberta no dia 7 de março, depois do fechamento de um acordo judicial entre as partes. 0 acordo previa um prazo de 45 dias para a nomeação do novo administrador regional - que deve ser um indígena -, a instauração de uma sindicância para apurar as denúncias de irregularidade e uma reestruturação da sede da Funai em Manaus.
De acordo com o administrador interino, Jorge Alberto Figueiredo Fernandes, a parte do acordo que cabe à Funai regional está sendo cumprida. "Estamos deixando o prédio em condições de funcionamento, arrumando o telhado, a rede de computadores e foi feito um levantamento dos materiais que desapareceram", diz.

Denúncias de pressão geraram males
Indígenas dizem que não vão descumprir decisão judicial sobre prazo para escolha de nome
Nesta semana, denúncias vindas de funcionários da Funai de que lideranças indígenas de Autazes estariam vindo a Manaus para descumprir o acordo e ocupar novamente a sede do órgão no dia 1o de abril causaram um certo mal-estar. A situação foi esclarecida em uma reunião na última quarta-feira entre Jorge Alberto e membros da comissão de negociação, que desmentiram as denúncias.
0 cacique Rosendo Apurinã, coordenador da Organização dos Povos Indígenas Mura, Apurinã e Saterê (Opimas) explica que, na verdade, as lideranças vêm a Manaus para acompanhar o processo de negociações e a definição da lista de nomes que serão sugeridos para a administração regional. "Isto é uma deturpação de informações com o objetivo atrapalhar as negociações.
São informações falsas. Não vamos romper a decisão da Justiça. Isto é uma brincadeira de mal gosto' afirmou.
"Nós vamos respeitar todos os prazos do acordo. O prazo de 45 dias para as negociações termina no dia 18 de abril. Vamos cumprir este prazo. Mas se as reivindicações não forem atendidas, não vamos nos responsabilizar pelas atitudes dos parentes que vêm das aldeias. Nesse caso pode haver uma reação mais agressiva por parte dos indígenas", diz Benjamim Baniwa, líder indígena que faz parte da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia. Brasileira (Coiab).

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Sem concurso há mais de 20 anos
O Brasil possui 345 mil indígenas e o quadro de servidores da Funai tem apenas 2.600 funcionários para todo o País. Há mais de 20 anos a Funai não realiza concurso. O Norte possui o equivalente a 150 mil índios.

A Crítica, 01/04/2005, Cidades, p. C7

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