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Indígenas Kulinas são flagrados novamente recolhendo lixo e objetos em lixão no Acre

G1- http://g1.globo.com
Autor: Quésia Melo
10 de Mai de 2017

O médico Rosaldo Aguiar denunciou, no último sábado (6), a situação de índios da etnia Kulina que estavam em um lixão catando restos de alimentos e latinhas de refrigerante e cerveja para venderem no município de Feijó, distante 350 km da capital Rio Branco. O local, segundo Aguiar, estava repleto de urubus, além disso os indígenas teriam entrado em contato com lixo hospitalar o que, segundo ele, concentra vírus, fungos, bactérias e verminoses de alta contaminação.

Ao G1, o vice-prefeito de Feijó, Cláudio Braga, disse que devido às chuvas constantes no período conhecido como inverno amazônico, o maquinário que atuava na manutenção do lixão precisou ser retirado. Porém, a gestão já iniciou o aterro do local e deve providenciar uma cerca para que não haja acesso. Também deve ser instalada uma guarita para que a entrada e saída de veículos e pessoas seja monitorada.

"Fizemos um levantamento dos preços e o valor para a cerca já foi liberado. Com a chegada do verão esperamos que em breve a cerca de proteção esteja concluída. Não podemos proibir os indígenas de ir e vir, mas fazemos a nossa parte. Vamos construir um aterro sanitário e, ainda esse ano, devemos encontrar um outro local, que seja mais distante da área urbana do município, para depositar o lixo", afirma.

A reportagem também entrou em contato com Luiz Valdenir Silva de Souza, coordenador da Regional do Juruá da Fundação Nacional do Índio (Funai). Segundo ele, a Funai trabalha com os demais órgãos municipais, estaduais e federais para tentar resolver a situação. Souza afirma que a situação é delicada, por isso, a Funai atua em uma área emergencial para identificar as necessidades que motivaram os índios a sair das aldeias e buscar a cidade e encaminhá-los de volta às aldeias.

"Estamos fazendo essa parte de diagnóstico da situação e providenciando um apoio para auxiliar eles no retorno. Muitas vezes ocorre que os indígenas procuram a zona urbana para resolver situações envolvendo benefícios ou documentos e acabam precisando ficar algum tempo para buscar essa solução. Porém, a economia deles não é suficiente e acabam entrando nessa situação que tem se agravado nos últimos anos. Por isso, estamos buscando o diálogo com todos os envolvidos para implementar um plano que possa reverter essa situação", destaca.

"Descaso é total", diz médico

O médico lamenta a situação e diz que o lixão fica dentro da cidade. Segundo ele, é comum encontrar os indígenas catando materiais no lixão e também em outras áreas da cidade. Aguiar relata que além de adultos muitas crianças indígenas também vão até o lixão e entram em contato com vários tipos de materiais descartados.

"A situação toda é muito insalubre, parece que estão abandonados. O descaso é total e os índios acampam do outro lado do rio sem ajuda nenhuma. Outro problema é que temos um hospital que não atende a demanda do município, então se essas pessoas forem contaminadas não vamos poder dar um atendimento de qualidade", lamenta o médico.

Após a publicação no Facebook, Aguiar retornou ao lixão na segunda-feira (8) diz que encontrou um trator fazendo o aterro do lixão. "É preciso denunciar essas situações, trabalho nessa área e afirmo que isso é um alerta para que a sociedade cobre atitudes e resoluções para esse problema. Os índios precisam retornar para as aldeias onde recebem uma alimentação digna, pois na cidade vivem largados", lamenta.

Situação já havia sido denunciada

Em novembro de 2016, imagens feitas pelo radialista Antônio Messias mostravam índios recolhendo alimentos no lixão de Feijó, no interior do Acre. Ao G1, o radialista disse que os indígenas relataram que não recebiam ajuda da Funai com combustível para retornar de barco às aldeias.

Na época, a Funai afirmou que atendia vários casos diariamente e que o órgão acompanhava essas famílias e estudava maneiras de dar assistência para que retornassem mais rapidamente às aldeias.

"Há dias em que ao menos 30 a 40 índios ficam no local catando lixo, sendo que a maioria é criança ainda. Eu conversei com um deles no lixão, ele relatou que estava há 11 dias em Feijó atrás de ajuda da Funai para pegar óleo diesel e subir para a aldeia. Eles alegam que não recebem assistência nas aldeias e chegam a montar barracas na cidade ou se apossam de embarcações desocupadas e catam restos de comida no lixo", relatou Messias.

http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/indigenas-kulinas-sao-flagrados-nov…

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