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Indígenas de Boa Vista ainda sofrem com preconceito racial

Folha de Boa Vista-RR
Autor: LUIZ VALÉRIO
20 de Mai de 2002

Apesar da miscigenação racial e da pluralidade cultural do Estado de Roraima, preconceito e discriminação ainda são muito presentes na cultura local, principalmente em relação aos povos indígenas. Essa situação é mais visível no meio dos indígenas que moram no perímetro urbano de Boa Vista.

Mesmo não havendo dados estatísticos sobre a quantidade de índios que deixaram suas malocas com o sonho de dias melhores para fixarem residência na capital ou sobre as condições que a maioria deles vive, muitas famílias nativas reclamam da falta de respeito que as pessoas tidas "civilizadas" têm para com os indígenas.

Essa discriminação se dá até mesmo nos levantamentos sobre dados estatísticos, já que nenhum órgão público ou organismo de defesa aos direitos indígenas tem qualquer levantamento recente sobre a realidade dos índios urbanos.

Conforme levantamento feito pela equipe de reportagem da Folha, o estudo mais recente sobre a situação dos indígenas na cidade de Boa Vista é de 1990. Elaborado pela pesquisadora italiana Patrícia Ferri, que afirma que os índios que moram nos bairros periféricos são das etnias Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e uma minoria Yanomami. Saíram principalmente das regiões da Serra da Lua, Taiano, São Marcos, Amajarí, Surumu, Baixo Contigo, Raposas, Serras, Fazendas e ainda de fora do Estado, das regiões de fronteira.

Dentro dessa realidade, poucas são as oportunidades que as famílias de indígenas têm para conseguir melhorar o padrão de vida. Ao chegarem na área urbana, não possuem formação escolar, profissão definida, não têm recursos para adquirir casa própria e com isso ficam sujeitas a trabalhar em subempregos, aumentando cada vez mais a situação de pobreza e pré-marginalidade.

No trabalho desenvolvido por Patrícia Ferri, cerca de 15% dos índios que viviam em Boa Vista tinham o Ensino Fundamental completo, outros 9,3% eram semi-analfabetos, poucos tinham o Ensino Fundamental e apenas 2% dessa população indígena estava prestes a enfrentar um vestibular. Naquela época ela havia identificado a existência de cerca de 15 mil índios morando na cidade.

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