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Indigenas concluem ensino

A Critica, Cidades, p.C7
23 de Nov de 2004

Baniua e Coripaco
Indígenas concluem ensino
Das etnias baniua e coripaco, 73 estudantes de 27 comunidades concluíram ensino fundamental em São Gabriel
Criada desde 2000 para atender aos indígenas das etnias baniua e coripaco, no Município de São Gabriel da Cachoeira (a 958 quilômetros de Manaus), a Escola Municipal Pamáali realizou neste fim-de-semana a formatura da primeira turma de alunos que completaram a segunda parte do ensino fundamental, da 58 a 8' séries. No total, 73 estudantes de 27 comunidades situadas na bacia do rio Içana, terra Indígena Alto Rio Negro, receberam o certificado de conclusão desta etapa de ensino, cujo currículo foi adaptado para atender às demandas locais.
De acordo com informações dos assessores do programa, a educação começou no rio Içana, em São Gabriel da Cachoeira, a partir de 1980, com escolas que só ofereciam as primeiras séries do ensino fundamental. Naquele tempo, os professores, de outras etnias, não falavam as línguas baniua e coripaco, dificultando muito o desenvolvimento do aprendizado.
Só a partir de 1996, a partir de encontros para discutir o assunto, os índios passaram a reivindicar uma educação escolar que atendesse aos anseios e às demandas daquelas duas etnias. Neste período a população baniua e coripaco (povos falantes de línguas da família Aruak) era de 6 mil pessoas distribuídas por aproximadamente 80 comunidades localizadas na bacia do rio Içana

PEDAGOGIA
0 objetivo da Escola Pamáali é formar o cidadão baniua e coripaco voltado para a responsabilidade do trabalho em suas comunidade, para a criatividade e a liberdade, além de respeitar os seus próprios valores no diálogo intercultural.
0 currículo procura responder ao objetivo da unidade de formar os alunos para se tornarem cidadãos indígenas, sendo capazes de conviverem qualquer localidade do País, seja na comunidade, seja na cidade. A metodologia de ensino é baseada na pesquisa orientada a partir do conhecimento tradicional, ressaltando que todo o sistema de educação tem como ponto de partida a história do povo baniua e coripaco, valorizando os conhecimentos próprios, para que desta forma o jovem possa identificar e valorizar a ciência elaborada por sua etnia e, então, conhecer outras ciências existentes no mundo.

Educação e trabalho
Os povos baniua e coripaco são falantes de línguas da família Aruak que vivem na região da fronteira do Brasil com a Colômbia e Venezuela. Do lado brasileiro distribuem-se por 93 aldeias localizadas às margens do rio Içana e seus afluentes.
0 funcionamento da Escola Pamáali ocorre pelo sistema de alternância, organizado a partir da demanda dos pais em suas comunidades. No período em que a família necessita dos filhos para auxiliar na roça, pesca e plantio, a escola não funciona. São três etapas letivas por ano, cada uma com duração de dois meses, em geral assim distribuídas: março / abril; Junlho e outubro / novembro. Os alunos produzem uma parte dos alimentos que ali consomem nas etapas letivas.
Atualmente a unidade conta com três projetos articulados com seu programa de ensino: piscicultura, gire diz respeito à criação de espécies de peixes nativos; meliponicultura, que é a criação de abelhas nativas sem ferrão para extração de mel; e manejo agro-florestal.

Destaque
A criação de uma Escola Pamáali, destinada a alunos de 5' a 8' séries para os baniua e coripaco, contou com apoio da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), do Instituto Socioambiental (Isa) e Rainforest da Noruega.

A Crítica, 23/11/2004, p. C7

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