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Indígenas cobram remédios nas comunidades

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/
Autor: Evilene Paixão
29 de Jun de 2012

Durante o primeiro semestre desse ano comunidades indígenas dos povos Yanomami e Yekuana do Amazonas e Roraima, afirmam não terem recebido por parte da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) medicamentos para tratamento de doenças, sobretudo, para gripe, malária e tuberculose.

O assunto está em debate desde o início da semana na reunião do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Yekuana, com a presença de representantes das entidades Hutukara Associação Yanomami (HAY) e Associação do Povo Yekuana do Brasil (APIB). O encontro acontece nas dependências do EcoPark, localizado a caminho do município de Alto Alegre.

Dário Vitório Kopenawa, coordenador de saúde da HAY, disse que participam da atividade lideranças dos 37 Polos Bases (PB), oriundos de 220 comunidades indígenas dos dois Estados. "As lideranças vieram para saber a melhoria na qualidade da saúde básica dos povos indígenas. A Sesai diz que já comprou os medicamentos, mas até hoje ainda não chegou às comunidades", disse.

O coordenador informou que com a falta de medicamento dentro das comunidades houve um grande aumento das remoções de índios enfermos para a Casa de Cura, em Boa Vista. Somente nesses primeiros meses foram 580 remoções. "Muita gripe, malária, tuberculose e pneumonia. E as principais vítimas são as crianças. Tinha dias que quase dez pessoas eram trazidas para Boa Vista", contou. Dário ainda informou que o resultado foi à superlotação na Casa de Cura.

Conforme a liderança, houve ainda mais de dez óbitos em diversas regiões como Demini, Homoxi e ainda Auaris, nesse último com a morte de quatro crianças.

Já o líder do povo Yanomami, Davi Kopenawa, enfatizou a importância de se adquirir equipamentos novos para os PB como radiofonia e microscópio e ainda reformas nos postos de saúde. Kopenawa também ressaltou que é necessário que se combata o surgimento de novas doenças como as sexualmente transmissíveis (DST's) e o câncer. "Precisamos de novos equipamentos e remédios", frisou.

O indígena Raul Luiz, tesoureiro da APIB, acredita que o governo mente para os povos indígenas. "Estamos preocupados com essa situação. Eles [governo] estão mentindo, pois sempre falam que vai chegar o medicamento hoje ou no final de semana e nunca chega".

O indigenista Carlos Zacquini, missionário do Instituto Consolata, destacou que a situação é emergencial é e inaceitável que algo não seja feito. "Quando se trata de emergência, não é possível que um órgão da saúde não possa fazer uma compra emergencial de remédios. Ficar em áreas sem antibióticos é algo inaceitável", enfatizou.

Chefe do Distrito de Saúde diz que medicamentos já foram comprados

Joana Claudete das Mercês Schuertz, chefe do Dsei Yanomami explicou que o principal objetivo da reunião é repassar para as lideranças indígenas os planos, prestações de conta e dados epidemiológicos dos 37 polos bases de responsabilidade do distrito.

Questionada pela falta de medicamento, Joana Claudete confirmou a situação, mas disse que já está sendo regularizado. Ela ainda explicou os principais motivos do atraso. "Antes a medicação era comprada direto de Brasília, mas com a transição dos serviços de saúde da Funasa para a Sesai, houve um atraso porque o Distrito ainda não tinha feito à licitação, e a tivemos a demora nos tramites burocráticos", explicou.

Segundo ela, será encaminhada na finalização da reunião que acontece hoje, 29, a aquisição de equipamentos, como motor de barco e energia, bateria, radiofonia, bomba d'água, freezer. "São coisas básicas as mais utilizadas pelos índios".

Para aquisição de medicamentos, Joana Claudete informou que foram investidos R$ 400 mil e mais de R$ 1 milhão para a aquisição de equipamentos para os 37 polos base. "Ainda temos para o segundo semestre um Plano Emergencial, lançado pelo Governo Federal, onde as comunidades que ainda não estavam sendo assistidas. Queremos dar prioridade", justificou. Ela ainda destacou na próxima semana um helicóptero voltará a atender as comunidades.

http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=131807

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