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Indígenas atingidas por tragédia da Vale que ocupam reserva chamam polícia após ameaça

G1 MG - g1.globo.com/mg
Autor: Ana Tereza Almeida e Thais Pimental
10 de Jun de 2021

Famílias do povo Pataxó e Pataxó Ha-hã-hãe ocupam desde quarta-feira (10) a Mata do Japonês, na Grande BH. Na manhã desta quinta-feira (10), a Polícia Militar foi chamada após homens armados ameaçarem os índios.

Por Ana Tereza Almeida e Thais Pimentel, G1 Minas - Belo Horizonte
10/06/2021 12h55 Atualizado há 2 anos

Cerca de 20 famílias do povo Pataxó e Pataxó Ha-hã-hãe, atingidas pela tragédia da Vale em Brumadinho ocupam desde quarta-feira (9) a Mata do Japonês, uma reserva particular em São Joaquim de Bicas, na Grande BH.

Segundo a assessora de comunicação dos indígenas, Ísis Medeiros, a área de 36 hectares é protegida por uma família de japoneses desde 1998. Ela doou 70% do valor da propriedade aos pataxós. Os indígenas querem que a Vale arque com os 30% restantes. Caso isso não seja negociado, a expectativa e que eles utilizam parte da indenização a ser paga pela mineradora.

"Os índios viviam às margens do Rio Paraopeba e precisaram mudar após a contaminação por causa do rompimento da barragem. Eles mudaram para o bairro Jardim Vitória, em Belo Horizonte, para viver da venda de artesanatos. Estavam pagando aluguel. Com a pandemia, ficaram sem renda e, com o apoio dos japoneses, foram ocupar a mata", disse Ísis.

Na manhã desta quinta-feira (10), a Polícia Militar foi chamada após homens armados ameaçarem os índios. Ainda segundo a assessora, pediram para os índios saírem alegando ser donos do local.

"São grileiros e as famílias estão preocupadas. Elas seguem sem atendimento adequado desde 2019 e exigem que a Vale negocie o valor da terra com os proprietários japoneses para garantir a permanência do grupo, já que até hoje a empresa ainda não solucionou o problema de moradia", disse ela.

De acordo com a Polícia Militar, não houve conflito e a ocorrência será acompanhada pela Polícia Federal.

Associação Mineira de Cultura Nipo-brasileira (AMCBN) responsável pelo local disse, em nota, que a reserva está "sofrendo invasões e constantemente, na forma da lei, essas invasões veem sendo enfrentadas. Esperamos que os indígenas possam viver no território sem que invasores possam promover qualquer tipo contra eles. E ainda que vivam sua cultura, seja em sua arquitetura peculiar, danças, língua, artesanato, costumes, organização social e preservem o meio ambiente natural que faz parte da vida de todos nós".

A Vale não se posicionou sobre a ocupação do terreno. Em nota, informou que lideranças indígenas Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe, com o apoio do Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Fundação Nacional do Índio (FUNAI), formalizaram acordo para as medidas de reparação dos danos.

Será implementado um programa de suporte financeiro complementar, em substituição definitiva ao pagamento emergencial atualmente pago aos 223 indígenas que vivem às margens do rio Paraopeba, no município de São Joaquim de Bicas. O acordo inclui o repasse financeiro imediato no valor de R$ 10 milhões.

"Durante o período de transição de três meses, de junho a agosto de 2021, momento da elaboração das bases do programa de suporte financeiro complementar, a Vale efetuará o pagamento nos mesmos moldes atuais, com desconto no valor total acordado, evitando descontinuidade no recebimento destes recursos", disse a nota.

O acordo ainda prevê a manutenção, até dezembro de 2023, dos serviços de assistência primária à saúde realizados na aldeia Naô Xohã por equipe multidisciplinar.

https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2021/06/10/indigenas-ating…

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