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Indígenas apostam em vendas de artesanato em lojas on-line para fortalecer economia em aldeias no AC

G1 AC - g1.globo.com/ac
Autor: Por Tacita Muniz
24 de Set de 2021

https://g1.globo.com/ac/acre/natureza/amazonia/noticia/2021/09/24/indig…

Peças são vendidas em plataforma digital para vários estados e até outros países. Ideia é fortalecer empreendedorismo indígena no estado.

As comunidades indígenas do Acre são conhecidas por muitas características locais e uma das mais fortes é o artesanato feito por diversas etnias. Esses produtos, comumente, são vendidos durante festivais que reúnem pessoas de vários países, como o Atsa, na aldeia dos Puyanawas, em Mâncio Lima.

Porém, com a pandemia do coronavírus, as aldeias ficaram fechadas para visitação e os eventos que movimentavam a economia das aldeias - com a venda de artesanatos e ecoturismos - tiveram que ser suspensos.

Essa condição fez com que as comunidades tradicionais se reinventassem para manter uma economia sustentável - foi aí que os indígenas se aproximaram mais da tecnologia.

Como é o caso da jovem Cristiane Puyanawa , de 23 anos, que montou um grupo de sete artesãs, que produzem acessórios e usam o e-commerce para vendê-los.

"A loja está aberta como empresa há mais de um ano. Por enquanto é só uma loja on-line, com página no Instagram e trabalhamos vendendo em outras sites nacionais. Nossa proposta é difundir e divulgar cada vez mais o artesanato, nosso artesanato Puyanawa", conta a empreendedora.

As peças são confeccionadas pelas indígenas artesãs da aldeia e Cristiane, que atualmente mora no Rio de Janeiro, paga o valor a elas e organiza a venda nos sites. Com traços culturais indígenas, a empresária diz que mais do que uma peça, o comprador leva consigo um pouco da história de seu povo.

Ela trabalhava em uma loja como vendedora, mas conta que já estava insatisfeita, foi quando uma amiga decidiu orientá-la em como poderia se tornar uma microempreendedora individual (MEI) e vender os produtos pela internet.

'Internet foi importante'

O grupo faz brincos - peças mais vendidas - tiaras, acessórios de miçangas, penas e pulseiras.

"Procurei algumas artesãs da comunidade, porque antes tínhamos o festival dentro da aldeia que durava cerca de cinco dias e tínhamos a venda desse artesanato, mas na pandemia nossa aldeia ficou fechada e a venda na internet se tornou muito importante. Foi um momento em que as pessoas não podiam ir até a aldeia, mas o artesanato continuou indo até elas", destaca.

Cristiane trabalha apenas com indígenas mulheres e, segundo ela, o objetivo é futuramente montar um centro cultural somente para as artesãs.

"Queremos um espaço para que essas mulheres possam produzir essas peças de uma forma mais independente, porque isso gera independência para essas mulheres que estão dentro de casa e gera renda para nossa comunidade. Esse trabalho foi muito importante, principalmente, neste período de pandemia", destaca.
Independência, geração de renda de forma sustentável e exposição da cultura para outros estados e até para fora do país. A empreendedora conta que isso mostra que as comunidades tradicionais têm se posicionado em diversos segmentos e não tem sido diferente com relação ao avanço da tecnologia a favor da economia e desenvolvimento dentro dessas aldeias.

"Isso pra gente é o fortalecimento do empreendedorismo indígena, porque hoje em dia o indígena está em vários lugares; na faculdade estudando e empreendendo também", destaca.

Na venda on-line, os brincos vão de R$40 a R$150, dependendo do modelo e do tamanho. Os colares e pulseiras variam de R$ 80 a R$ 200 também dependendo do modelo e tamanho.

Também conhecidos por seus belos adornos feitos de forma artesanal, os Ashaninkas também usam a internet para dar visibilidade a suas peças.

Venda em massa

Erishi Piyãko mora na terra indígena do Rio Amônia, que fica em Marechal Thaumaturgo, no interior do estado. As peças são feitas pela comunidade, que vende para a cooperativa e aí é feita essa ponte. Já dentro da aldeia, o pagamento é feito de forma de trocas.

"A gente produz muitos tipos de artesanato, desde vestimentas, cestas, adornos e enfeites. Antes da pandemia, vendíamos mais para as pessoas que visitavam a aldeia e para amigos que indicavam e a gente pegava encomendas. Agora a gente faz, tira foto dos artesanatos e divulga no site da Apiwtxa. Aí as pessoas fazem as suas encomendas e mandamos pelos Correios. Além da cooperativa também temos uma associação aqui na aldeia", conta.

Outras vendas também são feitas por aplicativo de mensagem, quando as pessoas entram em contato e fazem encomendas. Os preços dos acessórios do Ashaninkas também variam; as mais simples podem sair até R$ 50, mas alguns acessórios podem chegar a mais de R$ 2 mil.

A Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa) também está organizando a criação de uma plataforma para a venda em massa dos produtos.

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