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Indígenas acampados não receberam visita do Unicef

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Denilson Pinto | Edílson J. Alves
24 de Out de 2002

Dois representantes do Unicef estiveram ontem em Dourados para fazer um diagnóstico da situação em que vivem as comunidades indígenas da região. Eles ouviram diversas lideranças que representam uma população indígena estimada em cerca de 9 mil pessoas. No entanto, a situação de 150 índios que estão acampados às margens do Rio Dourado e vivem em situação de plena miséria, aparentemente, foi "ignorada" por representantes da entidade.
Na Aldeia Panambizinho, os representantes ouviram a comunidade e participaram do velório de uma criança de apenas 6 meses de idade, que, segundo uma das lideranças, morreu porque houve demora na prestação de socorro.
A comissão que visitou as aldeias nesta quarta-feira foi formada pela representante do Unicef no Brasil, Reiko Niimi, pelo representante do mesmo organismo para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, Salvador Soler, pelo professor e coordenador do Programa Kaiowá/Guarani, da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Antônio Brand, e pelo coordenador de Assuntos Indígenas da Prefeitura de Dourados, Anastácio Peralta.
Na Aldeia Panambizinho, os visitantes puderam conhecer um pouco da realidade das 75 famílias que moram no local. Eles puderam ouvir o relato do capitão Nelson Confiança, que contou sobre a morte da sua filha Fabiana Confiança, de 14 anos, ocorrida no último dia 12. Ela se enforcou com uma corda dentro da pequena casa de sapé, enquanto o pai tomava banho para almoçar. A menina, segundo ele, era a alegria da casa e estava estudando na Escola Rosa Câmara. Ele disse que não tem explicação para um fato dessa natureza.

Realidade
Outra situação vivenciada pelos representantes do Unicef foi assistir ao velório de Cleberson Jorge Aquino, de apenas 6 meses de idade. Segundo a mãe da criança, Maria Joana Jorge, o pequeno Cleberson brincava na manhã de sábado dentro de um brinquedo de ensinar a andar, quando sofreu uma queda. A mãe disse que achava que não era nada grave e que, mesmo assim, pediu socorro. Um agente de saúde esteve no local, receitando um medicamento para a criança.
Entretanto, no domingo à tarde, a criança começou a arruinar e, já na segunda-feira, a mãe pediu que chamassem o carro da Funasa para levar a criança até o hospital. O carro teria demorado três horas para chegar à aldeia e a criança acabou morrendo, depois de dar entrada no Pronto-Socorro do Hospital Evangélico.
Os representantes do Unicef também puderam conhecer a senhora Balbina Francisco Aquino, de 102 anos, esposa do pajé Paulito Aquino, que faleceu com 120 anos de idade no último dia 3 de setembro. Depois a comissão visitou a extensão da Escola Municipal Tengatuí Marangatu, que funciona dentro da Aldeia Panambizinho.
Na sequência, a comissão dirigiu-se para a Aldeia Jaguapiru, onde ouviu lideranças guaranis, caiowás e terenas, que promoveram uma reunião na sede da Escola Municipal Tengatuí Marangatu. O diretor da escola, João Machado, disse que falta maior estrutura para prestar melhor serviço para a comunidade. Ele disse a aldeia fica próxima do perímetro urbano, e isso faz aumentar os problemas sociais.
O capitão da Aldeia Jaguapiru, Hélio Limbu, o cacique terena, Gilson Valério, e o cacique guarani, Antônio Carlos Duarte, pediram que o Unicef colabore fazendo investimentos nos setores de educação e de segurança, principalmente das crianças.

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