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Indígena nega ameaças e critica missionários: "para eles urucum é sangue do demônio"

Olhar Direto - http://www.olhardireto.com.br
Autor: Lázaro Thor Borges
30 de Set de 2017

Tipuici Manoki tem 29 anos e formou-se recentemente em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ela procurou a reportagem do Olhar Direto para defender seu povo, os Irantxe Manoki, da acusação feita pela missionária Aurora Amorim, da Igreja Assembleia de Deus.

Irmã Aurora, como é conhecida, contou na última semana como fez para evangelizar integrantes das comunidades indígenas Manoki e Enawenê-Nawê, que vivem no extremo norte de Mato Grosso. Na ocasião, a religiosa diz ter comprado balinha e distribuído na aldeia para convencê-los a assistir aos cultos.

A evangélica também afirmou que por conta das desavenças dentro da aldeia alguns integrantes da comunidade a ameaçaram de morte. Mas para a cientista social Tipuici Manoki a missionária foi expulsa porque o povo não quis mais aceitar suas pregações.

"Eles chegam se fazendo de amigos e depois a gente vê o que vem por trás. Eles falam que a nossa religião não leva ninguém para o céu, eles falam que a nossa cultura é do demônio. Referem-se a urucum como sangue do demônio", conta.

A indígena explica que os principais atingidos pela retórica missionária são os mais jovens, que muitas vezes se convertem e abandonam os hábitos culturais dos mais velhos, que tentam preservar a cultura.

"Depois que já consegue fazer a lavagem cerebral aí começa a falar principalmente para os jovens. Dois primos meus não quiseram fazer o ritual de passagem da juventude porque eles foram induzidos a acreditar que éramos do demônio", narra.

Expulsão

A igreja construída pela Irmã Aurora e pelo marido não funciona mais para os manokis. Os integrantes da comunidade decidiram fechá-la e nenhum culto é realizado no local. "A maioria de nós é contra esse tipo de religião que inferioriza todos os nossos costumes", afirma.

O trabalho dos missionários pode ter deixado os manokis ainda mais fragilizados, conforme explica Tipuici. Ela lembra que a comunidade já tinha "um pé atrás" com os evangélicos devido a relatos de outros povos que passaram por situações semelhantes. "O povo viu que realmente a gente tinha razão de desconfiar", finaliza.

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