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Índice de desmatamento em Mato Grosso continua em queda, diz governo

SEMA/MT - www.sema.mt.gov.br
Autor: Maria Barbant
08 de Mar de 2010

A Superintendência de Monitoramento de Indicadores Ambientais (SMIA), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), divulgou nesta segunda-feira (08), os números relacionados ao desmatamento e a degradação progressiva no período de novembro e dezembro de 2009 e, janeiro de 2010.

Em Mato Grosso (com base nas observações do Sistema de Alerta de Desmatamento), no período de novembro e dezembro de 2009 foram desmatados no estado 4.716,028 hectares de floresta. Desse total 78,976 hectares em Unidades de Conservação (UC); 444,083 hectares em Terras Indígenas (TI); 956,38 em assentamentos; 951,741 hectares em propriedades cadastradas sendo que desse total, 357,924 em áreas de reserva legal e, 2.285,490 hectares em áreas não cadastradas.

Em relação à degradação progressiva, no mesmo período (novembro e dezembro de 2009), os dados do SAD indicam que 4.971,180 hectares de florestas sofreram degradação progressiva. Desse total, 1.365,163 foram em TI; 450,656 em áreas de assentamentos; 2.438,540 em propriedades cadastradas e, desse total , 2.173,986 em áreas de reserva legal e, 716,820 foram em áreas não cadastradas.

Em dezembro de 2009, o desmatamento no estado foi de 1.019,733 hectares. Desse total, 86,626 hectares foram em TI; 142,492 em áreas de assentamento; 437,897 em propriedades cadastradas sendo que desse total, 182,892 foram em áreas de reserva legal e, 352,718 hectares em áreas não cadastradas.

Em janeiro de 2010, o total de áreas desmatadas no estado foi de 1.813,419 hectares. Desse total, 98,254 hectares em assentamentos; 662,907 hectares em propriedades cadastradas sendo que 177,245 em áreas de reserva legal e 1.052,258 em áreas não cadastradas.

INDICADORES - Mato Grosso continua a apresentar queda na curva de desmatamento. Na comparação dos períodos de setembro de 2008 a janeiro de 2009 com o período referente a setembro de 2009 a janeiro de 2010, houve redução significativa de 45% da área desflorestada no estado se for comparado um período ao outro. No período de setembro de 2008 a janeiro de 2009, o Estado de Mato Grosso apresentou indicativos de quantitativos em área de degradação florestal da ordem de 345,52 Km2. Já o período de setembro de 2009 a janeiro de 2010 apresenta apenas 189 Km2.

De acordo com o Boletim Transparência Florestal, divulgado na semana passada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em relação a Amazônia Legal, em dezembro de 2009, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) registrou 16 quilômetros quadrados de desmatamento. Isso representa uma queda de 68% em relação a dezembro de 2008, quando o desmatamento somou 49 quilômetros quadrados. Por outro lado, em relação a janeiro de 2010 foi registrado 63 quilômetros quadrados de desmatamento, o que representou um aumento de 26% em relação a janeiro de 2009, quando o desmatamento atingiu 50 quilômetros quadrados.

No período observado pelos satélites (dezembro de 2009 e janeiro de 2010), a cobertura de nuvens em Mato Grosso foi a menor de todos os estados (basta ver o mapa no boletim "Transparência Florestal"). O secretário adjunto de Qualidade Ambiental, Salatiel Araujo, explicou que "dessa forma, diminui a possibilidade de subestimativa, que foi indicada para o restante da região amazônica".

"Mato Grosso tem 130 quilômetros quadrados de indicativos de desmatamento do tipo corte raso no período de agosto de 2009 a Janeiro de 2010, contra 201,8 quilômetros no período de agosto de 2008 a janeiro de 2009. Ou seja, uma diminuição de 35 % comparando um período com o outro", analisou Salatiel Araujo.

Para o secretário adjunto, "os dados de desmatamento do tipo degradação progressiva divulgados pelo Imazon, em função de um período mais longo de fornecimento de dados (setembro de 2008 a janeiro de 2010), já começam a ser passíveis de comparação e, ambos os levantamentos (do Inpe informados recentemente e do Imazon), confirmam uma clara tendência na diminuição do desmatamento no Estado para 2010".

Segundo o secretário adjunto, "Mato Grosso vai continuar analisando tendências em períodos mais longos do que entre um mês e outro, tendo como base sua própria experiência de campo no assunto e baseado também na indicação dada pela maioria dos pesquisadores da área de que esta é a melhor estratégia de análise"

Em relação às observações feitas por alguns pesquisadores, de que em 2010, por ser um ano de eleições, poderia haver um retrocesso na tendência de diminuição de desmatamento, Salatiel Araújo disse que "as estatísticas do desmatamento no Estado de Mato Grosso em anos de eleição e anos onde não ocorre o processo eleitoral, não demonstra essa situação. Existem anos em que já houve processo eleitoral e o desmatamento diminuiu, bem como existem anos em que não houve eleições e mesmo assim o desmatamento aumentou. Não existe uma tendência clara no Estado, de modo que não podemos afirmar que existe relação causal entre eleições e desmatamento".

O secretário adjunto destacou ainda que as ações de fiscalização, como já vem ocorrendo a vários anos no estado, continuam sendo prioridade. "Os polígonos indicados como desmatamento (corte raso) e degradação progressiva foram repassados para o setor de fiscalização que se responsabilizará pelo exame em campo das informações prestadas pelo Imazon".

EMISSÃO CO2 - No Boletim Transparência Florestal o Imazon divulgou ainda que o desmatamento da floresta amazônica, registrado entre agosto de 2009 e janeiro deste ano, será responsável pela emissão de 51 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2). No período, o desflorestamento foi de 836 quilômetros quadrados, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon. Foi a primeira vez que o Imazon incluiu a informação sobre emissões de CO2 em seu relatório sobre desmatamento, o Transparência Florestal.

Essa taxa de carbono supera, e muito, as emissões da indústria paulista no ano de 2006, por exemplo, que foi de 38 milhões de toneladas de CO2. De acordo com o IPCC, as emissões de gases de efeito estufa provocam o aquecimento global. O dado também é 41% maior do que no período anterior (agosto de 2008 a janeiro de 2009), quando foram afetados 36 milhões de CO2.

"Dizemos que o carbono foi comprometido ou afetado porque não podemos afirmar que a emissão já ocorreu, se o gás já está ou não na atmosfera. A emissão vai acontecer em algum momento, mas pode ser numa próxima queimada, por exemplo", explica Carlos Souza Júnior, cientista do Imazon.

A emissão ocorre por meio da queimada da madeira ou da decomposição natural das árvores cortadas. O aumento do desmatamento acompanhou em menor medida a elevação das emissões e foi de 22% ao se comparar um período com o outro.

Segundo o pesquisador, na verdade, em alguns casos o desmatamento pode até mesmo diminuir enquanto as emissões aumentam. Isso explica por que ao cortar florestas mais densas - com maior volume de madeira - as emissões de CO2 são mais altas. "Na área mais desmatada da Amazônia, na região do Arco do Desmatamento, há menor densidade de carbono. Regiões como a Terra do Meio e Novo Progresso, no Pará, têm estoques de carbono mais elevados", explicou.

Para calcular as emissões de carbono que o desmatamento acarreta, foi necessário fazer um cruzamento de dados. Cada polígono onde houve desmate foi comparado a mapas de biomassa da Amazônia. Entraram na conta do "simulador de emissões de carbono" estimativas para algumas incertezas (um incêndio nem sempre queima toda a biomassa existente, pois sua eficiência não é de 100%).

De acordo com Carlos Souza Júnior, nos próximos boletins serão divulgados as estimativas de emissão do CO2 por estado.

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