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Índias querem ter vez

A Crítica-Manaus-AM
27 de Jun de 2002

Como discutir sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis e a violência praticada contra mulheres em um ambiente onde o predomínio é a da voz masculina? Para responder essas e outras questões específicas do universo da mulher indígena, cerca de 50 lideranças de nove Estados da Amazônia Legal estão reunidas desde ontem no 1o Encontro das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira, no auditório da Coiab. O encontro termina no próximo dia 29 e pretende criar um Departamento de Mulheres Indígenas dentro da Coiab.

Para as participantes do encontro, não se trata de dividir ou de contrapor homem e mulher. Elas deixam claro que o movimento quer apenas unir forças, mostrar a voz das mulheres indígenas e também dar destaque às reivindicações que dizem respeito ao universo feminino.

A coordenadora da Associação das Mulheres do Alto Rio Negro (Amarn), Celina Cadena, da etnia Baré, não tem dúvidas em dizer que o evento é, na realidade, um encontro histórico. "É um marco histórico para o fortalecimento das mulheres de maneira geral, já que nosso objetivo não é dividir, mas somar com o movimento indígena", explica. "Mas também queremos tratar assuntos específicos, como os direitos das mulheres, a sexualidade, reprodução, violência e contraviolência, o direito de ter filhos planejados ou não."

Celina também faz um apanhado histórico sobre a situação da mulher na sociedade indígena. Segundo ela, no início a voz final era das mulheres. Se houvesse um conflito a decisão era tomada pela mulher guerreira. "Com a civilização colonizadora, as mulheres foram cada vez mais sendo deixadas em segundo plano, sem direito ao saber, à decisão, o que agora está sendo retomado."

A índia Irani Barbosa, 27, membro do Conselho Nacional dos Índios, compara o encontro a uma caminhada e também a um aprendizado. Ela vai propor a criação do 1o Encontro Nacional de Mulheres. "Nossos objetivos são coletivos e se unem à luta da causa indígena. Queremos dizer que os índios existem, estão bem vivos e defendendo suas vidas", diz.

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