Índia diz que ação da PF foi truculenta

Mesmo com a suspensão das liminares que concediam a reintegração de posse de algumas localidades ocupadas por índios tupinambás no sul do Estado - na Serra do Padeiro, em Buerarema e na localidade conhecida como Tucum, a 10 km de Ilhéus - a ação da Polícia Federal, na semana passada, ainda traz repercussões. A índia tupinambá e membro do Conselho Estadual de Cultura, Nadja Acauã, diz que a ação foi truculenta e feriu mais de 20 índios. A denúncia da indígena ganhou apoio da Associação Brasileira de Antropólogos (ABA).

"Nós estamos naquelas localidades em terras que antes eram usadas para tráfico e atividades ilícitas. Hoje vivem famílias, com plantações, produção de piaçava e outras coisas. Na semana passada eles chegaram atirando, com balas de borracha, demoliram a escola e danificaram o ônibus que faz o transporte dos índios para estudar. Estavam cumprindo ordens judiciais, mas não precisava ser daquela forma", afirma, emocionada.

A ABA se posicionou com nota no site da instituição. "O cumprimento de mandatos de reintegração de posse serviu de pretexto para uma ostensiva exibição e um uso indiscriminado de verdadeira parafernália de guerra, envolvendo um helicóptero, o lançamento de bombas de efeito moral e a intervenção de um contingente de mais de uma centena de homens fortemente armados", diz o texto.

O delegado da PF em Ilhéus e responsável pela operação, Fábio Marques, diz que o confronto aconteceu por causa da reação dos tupinambás. "Com os pedidos de reintegração, nós fomos com uma equipe avaliar o local e os índios tentaram nos manter lá, interrompendo a estrada para que não voltássemos. Quando tentamos fazer o retorno, tivemos o carro atacado", afirma.