Índia anuncia plano para desacelerar emissões

Índia anuncia plano para desacelerar emissões
Terceiro maior poluidor evita meta absoluta e promete ampliar fatia de fontes renováveis

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Sob pressão crescente, a Índia, terceiro maior poluidor do mundo, anunciou na noite de quinta (1o) o plano para conter a emissão de gases de efeito estufa que levará para a 21ª conferência global da ONU sobre o clima, em Paris, no fim deste ano.
O país não se comprometeu com uma redução absoluta dos níveis de emissão de carbono, ao contrário de outras grandes economias poluentes, como os EUA, a União Europeia e o Brasil.
No cerne da proposta está a redução da intensidade de emissões por PIB entre 33% e 35% até 2030, tendo como base o ano de 2005.
Ou seja: não é um corte absoluto do que o país emitia em 2005, mas uma promessa de poluir menos para o tanto que sua economia cresce. Considerado o avanço econômico esperado para o período, as emissões cresceriam, mas em velocidade menor.
O plano prevê também que, até 2030, 40% da eletricidade gerada no país venha de fontes não fósseis, especialmente eólica e solar.
Alguns ativistas elogiaram o compromisso sobre fontes renováveis. "Isso coloca a energia renovável no centro do plano e posiciona a Índia para novas reduções de emissões no futuro", disse Anjali Jaiswal, diretor do programa da Índia no Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, um grupo de Nova York.
O Brasil anunciou suas metas no último domingo (27), prometendo reduzir em 37% a emissão de gases estufa até 2025, usando 2005 como referência, e em 43% até 2030. O número é alto se comparado à maioria dos demais países, mas se ampara essencialmente em mudanças já realizadas.
Durante anos, a Índia tem sido vista como intransigente nas negociações globais sobre mudanças climáticas.
O governo indiano diz que a prioridade é tirar da pobreza grande parte da população e que isso não pode ser feito sem elevar o uso de carvão, que alimenta o efeito estufa.
Em posição alinhada à do Brasil, a Índia alega que países ricos têm responsabilidade maior sobre o aquecimento -eles poluem há mais tempo- e não devem negar a países pobres a oportunidade de fortalecer suas economias.
(MC)

Metas para a conferência do clima
BRASIL
Cortar em 37% as emissões de gases estufa até 2025 e em 43% até 2030, tendo como base o ano de 2005; garantir 23% de participação de fontes renováveis na matriz energética do país (45% contando com hidrelétricas) até 2030
EUA
Com base no ano de 2005, o país propôs cortar até 28% as emissões até 2025; os EUA dizem que, até 2030, a matriz energética será composta de até 33% de fontes renováveis, excluindo hidrelétricas
UNIÃO EUROPEIA
O bloco apresentou a proposta mais abrangente, que prevê a redução de pelo menos 40% das emissões até 2030, com base no ano de 1990, quando se poluiu menos que em 2005
CHINA
Pretende reduzir em até 65% as emissões por PIB até 2030, em relação a 2005; a parcela de combustíveis não fósseis na energia deve ser ampliada para cerca de 20% em 2030
ÍNDIA
Reduzir a intensidade de emissões por PIB entre 33% e 35% até 2030, tendo como base o ano de 2005; prevê que, até 2030, 40% da eletricidade venha de fontes não fósseis

FSP, 03/10/2015, Mundo, p. A19

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